Tatiana Santos
Apesar de as férias terem acabado e o ano letivo já teve início, os finais de semana para alguns pais são de ansiedade. Isso, porque, é exatamente neste momento que as crianças exigem dos responsáveis mais interação e nem sempre eles têm criatividade ou sabem lidar com isso. É aí que entram as brincadeiras.
A recreadora e professora Elaine Regina da Silva, de Itabira, defende o ato de brincar e destaca que este é um direito previsto até no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Brincar ajuda a criança a se desenvolver em várias áreas da vida, tanto na emocional, psicológica, quanto nas relações interpessoais. “Quanto mais a criança brinca na sua infância, na adolescência, não importa a idade, mais ela vai se desenvolver na vida”, diz.
A recreadora destaca a importância de os pais tirarem um tempo com a família, dar de presente para o filho a presença, pois com a televisão, o celular, as redes sociais, é fácil as famílias se distraírem nesses aparelhos e se esquecerem de prezar os momentos familiares e as brincadeiras.
Sugestões
Integrante da Família Montanha, Elaine destaca que o lúdico é para todas as idades e gostos. Ela fornece inúmeras dicas de diversão para os pais interagirem com os filhos. Por exemplo, com os pequeninos na faixa dos 2 a 4 anos, a sugestão é entrar na fantasia deles, brincando de bonecas, brinquedos de encaixes, cavalinho, pega-pega, esconde-esconde.
Já para o público um pouco maior, a dica é fazer um pote de brincadeiras para escolhê-las. No caso, pega-se um pote ou uma caixa, se senta com as crianças e pede que cada uma escreva o que gostaria de fazer. Depois, sem olhar para o pote, o adulto tira a brincadeira que todos farão.
Há ainda o jogo da imitação, quando há quantidade maior de integrantes, podendo dividi-los em dois grupos. “Você pode escrever no papel ou simplesmente imitar um animal, um gesto, para a criança descobrir o que é. Se tiver mais criança, pode pontuar”, sugere.
Amarelinhas
Quem não se lembra das amarelinhas? Pois também é possível resgatar essa brincadeira. Caso não tenha giz para demarcar o chão, a orientação da recreadora é usar uma fita crepe, linhas de lã mais grossa, barbante ou o que a imaginação permitir. Uma opção também interessante é montar uma galeria de arte em casa, já que as crianças gostam muito de fazer desenhos ou mesmo rabiscos, dependendo da idade. Basta comprar uma caixinha de tinta e disponibilizar papel, colocando a imaginação para trabalhar. Pegue aquele desenho ou pintura e a chame para colocá-la no mural.
“Pode fazer um varalzinho com barbante, com um pregador, ou então colar com fita crepe. As crianças adoram isso, principalmente as menorzinhas”, ressalta. Elaine poderia ficar horas sugerindo 1001 formas de diversão, mas ela finaliza com a brincadeira do reloginho, que consiste em pegar uma corda ou macarrão de piscina. As crianças fazem uma roda e no meio fica uma pessoa com o bastão na mão, girando por baixo das crianças, que precisarão pular.
Brincar e trabalhar, é só começar
Além de promover entretenimento e socialização, as brincadeiras também geram mais conexão familiar, no que Elaine se lembra da tradição de brincar herdada dos pais. “A gente brincou muito. A nossa família, primeiro meu pai, minha mãe, que trouxe isso da gente brincar. Minha mãe criou 13 filhos, tendo tempo para brincar com a gente, fazer peteca, pular corda, e a gente, os irmãos mais velhos, até brincando e trabalhando”.
A recreadora recorda que a brincadeira virava ajuda à mãe, sem que ela e os irmãos nem percebessem. Por exemplo, eles enceravam a casa brincando naquela época. E assim, foram criando memórias do universo lúdico, trazendo à vida adulta.