Tatiana Santos
O bloco Filhos de Nandy agitou a noite do dia 21 de fevereiro no pré-Carnaval, no segundo dia de folia em Itabira. Os foliões se deleitaram com um repertório recheado de hits baianos dos anos 1980 e 1990, além de releituras musicais de artistas da cidade. Fundado em 2023 para homenagear o cantor e compositor itabirano Fernando Antônio Xavier, ou simplesmente Nandy, o bloco foi criado exatamente para reconhecer o talento do artista, ainda em vida. Ele morreu em 8 de março de 2024, aos 62 anos, após um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
O idealizador do projeto, Carlos Andrade, conhecido como Cabeça, conta que já era um grande amigo de Nandy, e que, inclusive, virou músico e começou a cantar exatamente por influência do artista. “Foi acompanhando a Banda Cor, Nandy e os Minhocas. E ele meio que me apadrinhou nessa. Depois passou por uma fase de dificuldade, e aí eu que fui o padrinho dele, vamos dizer assim. Uma relação bonita, muito bacana”, descreve. Cabeça conta que quando a Banda Cor e os Minhocas acabaram, o artista começou a passar os carnavais na casa do amigo, na Serra dos Alves, em Itabira, por volta de 2007.

Como tudo iniciou
Em 2023, em um carnaval em Serra dos Alves, Carlos resolveu criar o bloco Filhos de Nandy, numa alusão ao bloco baiano Filhos de Gandhy. Na ocasião, o próprio homenageado esteve presente na festa e recebeu de muito bom grado o reconhecimento. De lá para cá, o grupo cresceu muito. Somado à banda básica que é composta por Cabeça, sua filha Lara, Emanuel e o baterista Alisson, cerca de 120 pessoas compõem o grupo. Além disso, sempre contam com apoio de parceiros para fazer a festa acontecer.
O axé é um estilo muito apropriado para essa época do ano, e grande parte dos blocos têm focado neste ritmo. Nas intervenções carnavalescas pelas ruas de Itabira, a base musical da agremiação é composta por sucessos da extinta Banda Cor, algumas canções escritas por Nandy, que foram hit até mesmo pelo Brasil afora, como Banho de Iemanjá, também conhecida na voz do grupo Axé Blond. No repertório dos carnavais também estão Água de coco, Lábios de mel, escrita por Clevin Martins, além de Joaninha, do também itabirano Tony Primo. Além da música, os participantes saem pelas ruas com pintura corporal, elemento que Nandy apreciava em seus shows.

Mantendo o nome vivo
Para o idealizador do bloco, a expectativa para o Carnaval é manter vivo o nome do autor de Banho de Iemanjá, o tornando conhecido das novas gerações e eternizando o trabalho de Nandy. “A gente tem certeza de que ele está lá abençoando a gente, está feliz em qualquer plano que ele esteja. A ideia é realmente devolver um pouco para o Nandy esse carinho que todo mundo, que é itabirano tem, que viveu bem essa época de 80, 90, que foi uma banda muito forte”, se emociona.
Ainda conforme Cabeça, um dos fatores que o inspirava quanto ao cantor era a humildade e valorização da arte musical, já que ele estava presente em diversos eventos e tocava seu violão para 10 pessoas da mesma forma que tocava e cantava para 10 mil. Lembrado por inúmeros cantores da cidade, que o citam como uma referência, a alegria e o talento foram ingredientes que o marcaram para sempre entre os conterrâneos e até o Brasil. “Eu acredito que foi um dos maiores intérpretes que eu conheci na minha vida. O Nandy estava em todas. Então, assim, foi feliz, não é? A gente também está muito feliz em poder continuar homenageando ele”, se empolga.

A agremiação se encontrou com o Bloco do Cemitério no dia 21 na porta do cemitério do Cruzeiro, no bairro Pará, onde os dois grupos carnavalescos fizeram uma grande festa, e de quebra, uma justa homenagem a Nandy, marcando o primeiro encontro de blocos em Itabira.