Superlotação no SUS: diretor da Fhemig detalha contingência no João XXIII, em nível 3 de ocupação

Número de macas nos corredores do João XXIII aumentou devido à 'alta demanda', conforme o Estado Foto: Arquivo Pessoal

Pronto-socorro está operando com 90-140 pacientes; plano tenta impedir retenção de macas do Samu

A rede de atendimento a urgências do Sistema Único de Saúde (SUS) em Belo Horizonte está sufocada. Enquanto o Hospital Risoleta Neves, na região de Venda Nova, passou a atender exclusivamente pacientes críticos nesta segunda-feira (28 de abril), o Hospital Pronto-Socorro João XXIII opera, desde sexta-feira (25), com uma taxa de ocupação próxima ao limite. Segundo o diretor do Complexo Hospitalar de Urgência da Fundação Hospitalar do Estado (Fhemig), Fabrício Giarola, o João XXIII tem operado no nível 3, quando chega-se a 90 pacientes simultâneos no pronto-socorro. Nessa situação, a direção aplica o Plano de Capacidade Plena Hospitalar (PCPH), na tentativa de evitar o preenchimento total das macas disponíveis, inclusive nos corredores.

De acordo com Giarola, o João XXIII tem sido afetado por uma onda de alta demanda de pacientes com traumas, isto é, pessoas que apresentam lesões no corpo devido a acidentes de trânsito, quedas ou agressões. O diretor-geral explica que o pronto-socorro entra em estado de alerta ao admitir 90 pessoas simultaneamente, pois, se a lotação chegar a 140, não haverá mais macas disponíveis para novos atendimentos. “O nível 3 é o estágio de maior lotação, no qual ainda conseguimos receber até 50 pacientes a mais. Na sexta-feira (25), por exemplo, chegamos a 140 admissões e quase foi necessário reter uma maca do Samu, mas conseguimos evitar. Com o Plano de Capacidade Plena, reforçamos o monitoramento dos casos e agilizamos as altas hospitalares possíveis”, afirma.

Ao contrário do plano de contingência adotado pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) em janeiro — que suspendeu a realização de cirurgias ortopédicas eletivas por duas semanas, também em razão da alta demanda de urgências —, a estratégia no João XXIII não tem prazo definido nem exige a interrupção de nenhum serviço. Segundo o diretor Fabrício Giarola, a contingência no pronto-socorro faz parte da gestão da rotina do hospital. “O João XXIII tem um atendimento muito dinâmico. Nesta segunda-feira (28), começamos o dia com baixa taxa de ocupação, mas, à tarde, voltamos ao nível 3 e reiniciamos o PCPH. Estamos sempre em contato com outros hospitais da rede SUS, e a superlotação também ocorre no Risoleta Neves e no Odilon Behrens. É uma realidade da cidade”, afirma.

De fato, a direção do Risoleta Tolentino Neves publicou uma nota admitindo uma sobrecarga de 90%: o pronto-socorro tem capacidade para atender até 90 pessoas simultaneamente, mas registrou 171 atendimentos nesta segunda-feira (28).

Giarola afirma que, no João XXIII, mesmo com a alta demanda, não há prejuízo à assistência aos pacientes. “Todas as salas do bloco cirúrgico estão operando normalmente, a equipe assistencial está completa e os equipamentos em pleno funcionamento, o que comprova que a superlotação se deve ao aumento da demanda. Ainda assim, todo paciente internado é bem atendido, e a qualidade do serviço é mantida. A população não precisa se preocupar quanto a isso”, garante.

E o Hospital Maria Amélia Lins: tem relação com a superlotação? 

Desde o fechamento do bloco cirúrgico do Hospital Maria Amélia Lins (HMAL), referência em traumato-ortopedia, em dezembro, servidores da unidade denunciam que a sobrecarga no SUS-BH é consequência da paralisação do serviço. A superlotação nos prontos-socorros atingiu o ápice no final de janeiro e, mais uma vez, em abril. No entanto, de acordo com Fabrício Giarola, diretor do Complexo Hospitalar de Urgência da Fhemig — ao qual o HMAL também está vinculado —, a conexão entre os casos não se confirma.

“Não houve perda de serviço. O bloco cirúrgico do Amélia Lins foi absorvido pelo João XXIII. Para se ter uma ideia, antes tínhamos duas salas cirúrgicas no HMAL e seis no João XXIII. Agora, são oito no pronto-socorro. Os servidores foram transferidos, e o volume de atendimento continua o mesmo”, diz Giarola. A versão do diretor contraria os relatos de servidores, que alegam que a alta demanda de urgências tem levado ao cancelamento de cirurgias eletivas.

Questionado, o diretor-geral também negou os rumores de que o bloco cirúrgico do Hospital Maria Amélia Lins será reaberto nos próximos dias — boato que começou a circular entre os servidores nesta segunda-feira (28 de abril). Segundo Giarola, o Estado mantém o interesse em buscar parceiros na gestão da unidade, caso o processo receba o aval do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG), que está avaliando o edital em andamento. “O bloco cirúrgico só será reaberto após a decisão final do TCE-MG, que devemos e iremos respeitar. Se o tribunal aprovar o edital, a reabertura do centro cirúrgico ficará a cargo do parceiro vencedor da seleção”, afirma.

FONTE: OTEMPO

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