Tatiana Santos
Criado em 2010 pela Secretaria Municipal de Saúde, o Centro de Convivência InterAgir surgiu em Itabira a partir de trabalhadores do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Itabira. Eles notaram que os frequentadores da unidade que já tinham estabilizado bem e precisavam circular pela cidade, aprender a conviver em sociedade, ocupar seus espaços. Inicialmente, funcionou no bairro João XXIII, apenas às quartas-feiras, durante anos.
A necessidade de um espaço maior e com ampliação de dias e horários definidos, culminou com a inauguração da sede própria em 2022. O funcionamento é de segunda a sexta-feira, de 8h ao meio-dia e de 13h às 17h. São três salas na parte superior para serem ministradas oficinas, além de um espaço amplo no piso inferior, onde são colocadas mesas para rodas de conversa e debates de temas diversos.
No programa Conexão Regional, da rádio Pontal, a terapeuta ocupacional Tânia Moreira Couto Germano explicou como funciona o centro. Já a convivente do espaço, Goretti Cabral, contou suas experiências como usuária dos serviços. São ministradas oficinas de artesanato, de música, de teatro, plantio e cultivo de plantas, elaboração de jornal, artes plásticas, aulas de biodança. Há ainda projetos construídos de acordo com as demandas dos conviventes. “A gente utiliza vários espaços da comunidade, então, utilizamos muito a parceria com o Museu de Itabira, com a Fundação Cultural, com o Memorial de Drummond, com a Casa de Drummond”, descreveu Tânia.

Lugar de excelência
Goretti chegou ao InterAgir quando iniciou um tratamento no Caps, e lá entrou no grupo de artesanato “aos 50 anos, sem nunca pegar numa agulha”. Fazer parte do InterAgir foi automático. Para ela, estar no espaço é um momento de muita paz: “É um lugar de aconchego, de paz para mim, de quietude, de amizade, de amor, de acalento. Às vezes a gente está para baixo e chega lá chorando, chega meio deprê. E daí a pouquinho começa a conversar, brincar. A gente faz muita arte, a gente ajuda pessoas, a gente é ajudado. Eu sou mais extrovertida, mais brincalhona, então eu convivo com todo mundo. Eu chego, abraço, eu beijo todo mundo, coloco apelido. Brinco, chamo um de uma coisa, de outra, eu faço a festa lá. Lá para mim, é um lugar de excelência. Eu não consigo ficar sem ir mais, é um vínculo muito forte que eu tenho ali. A gente tem um vínculo de família”, descreveu. Ela aprendeu a fazer artesanato, tanto para vender, quanto para doar ao centro de socialização para bazares. Alguns itens são colares de tecidos, bonecas de pano, enfeites de canetas etc.

Preconceitos
Os usuários se queixam do preconceito que muitos vivenciam, pois algumas pessoas acreditam que no espaço “só tem doido”. Mas Tânia rebate e afirma que a casa é para todos. “O preconceito dói, o preconceito distancia. É realmente para todas as pessoas, adolescentes, crianças, adultos, idosos”, esclareceu. Para captar quem participará do centro de convivência há algumas maneiras: por meio de encaminhamento dos Programas de Saúde da Família (PSFs), dos serviços especializados, por demanda espontânea, através dos Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas).