Tatiana Santos
Características do Carnaval de Pernambuco com seus bonecos gigantes, mas com a autenticidade e o jeitinho mineiro de ser. Assim pode ser descrito o bloco ‘Madalena não gosta de poema’, criado há 10 anos em Itabira, por Hebert Rosa. O momento marcante promete uma festa no mesmo nível, é o que promete o idealizador. E para celebrar, o bloco carnavalesco colorirá as ruas do Centro Histórico de Itabira possivelmente no próximo sábado (22/02), na pré-folia deste ano. Os foliões podem esperar uma mistura de ritmos, desde as marchinhas até o frevo pernambucano.
Com o aniversário da Madalena, Hebert defende uma renovação, por isso, o novo estandarte do bloco foi produzido no Recife. Entre as novidades, está o novo vestido da boneca-símbolo. “E o mais incrível também é a gente poder contar com o Babadan Banda de Rua, que é um bloco afro de Belo Horizonte e que é a coisa mais fantástica do mundo”, se empolga. O grupo marcará presença na concentração.
Hebert garante que 2025 será um ano recheado de comemorações, com datas especiais, parcerias importantes. Inclusive, ele adianta que tentará trazer pessoas relacionadas ao Carnaval do Recife para Itabira, quando serão feitas ações para relacionar o bloco itabirano com os pernambucanos. “Eu quero que Itabira perceba que o pré-Carnaval já veio para ficar”, resume. O carnavalesco obteve informações de que as hospedagens em Itabira já estão cheias, e projeta que com essas ações, a folia possa se igualar aos tradicionais festivais de inverno de Itabira, atraindo turistas aos hotéis da cidade e fomentando a economia local.
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Como surgiu o bloco
Segundo o fundador, o bloco surgiu em um Festival de Inverno, onde ele levava uma caixa de isopor de nome Madalena, e ficava rodeado de amigos tomando suas bebidas. Foi aí que resolveu colocar o bloco na rua. Hebert, que frequenta o Carnaval de Olinda há anos, juntou a cultura pernambucana dos bonecos gigantes, com a identidade itabirana. Com isso, trouxe a inspiração para criar a ‘bonecona’ Madá para representar o bloco. A personagem foi feita em Olinda, paga com recursos dos próprios foliões que frequentavam a manifestação popular.
Admirador de Carlos Drummond de Andrade, Hebert quis valorizar o povo que gosta de estar na rua se divertindo, e uniu à sutileza de mostrar que a cultura não é somente para as pessoas que têm status ou uma condição social mais abastada. “A Madalena não é tão erudita assim. Ela gosta de feira, gosta do pastel da rodoviária, de dar uma volta pela Cobal, ela pega ônibus”, descreve.
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Envolvimento coletivo
O Madá, como é carinhosamente chamado pelos foliões, tinha aproximadamente 45 integrantes fixos em 2024, entre maestros e músicos de Itabira, do interior de Minas Gerais e de Belo Horizonte. Há o bonequeiro, que carrega por horas a personagem Madalena, o porta-estandarte, o folião levando a chave que abre simbolicamente o Carnaval de rua em Itabira, além de todo o povo durante o cortejo. Neste ano, já são mais de 200 integrantes.
E como o foco é alegrar os participantes, levando muita música e entretenimento, Hebert elogia a todos que dão apoio para que o bloco consiga levar o espírito carnavalesco às ruas de Itabira, em especial os maestros. “É um time. Eles são craques, juntam e fazem o frevo e a marchinha acontecer com intensidade, com alegria. A Madalena não é de quem organiza, é do povo. A gente só faz é realizar com todo capricho, amor. E sempre dá certo”.