Marcos Gabiroba
Muitas pessoas não se permitem o luxo de ficar entusiasmadas, de coração leve, inspiradas, relaxadas ou felizes, especialmente no trabalho. No meu modesto entendimento, isto é uma forma muito infeliz de autonegação. Parece que um grande número de pessoas tem medo de como este comportamento alegre pareceria para outras pessoas, incluindo colegas, clientes, empregados e empregadores. Afinal de contas, eles pressupõem, “se alguém está relaxado ou feliz, não deve trabalhar duro” no sentido etimológico da palavra. A lógica é mais ou mesmos assim: se eles parecem felizes, os outros poderão achar que estão satisfeitos com o status quo e que, portanto, não possuem a motivação necessária para se destacar no trabalho ou para caminhar aquele quilometro desejado a mais. Eles certamente não sobreviveriam num ambiente de competividade. Isto é um fato.
Por outro lado, quando eu era contrato para realizar um serviço contábil ou executar uma defesa criminal ou trabalhista ou ainda dar algumas palestras em empresas ou em entidades civis ou filantrópicas sobre a redução de estresse, essa doença sim é uma doença curável. A longo tempo ou a ter uma vida feliz na empresa, por várias anos? Às vezes as pessoas que me convidavam para tal fim, antes me perguntavam em tom nervoso, se eu ajudaria os seus funcionários a se tornarem mais felizes a ponto de amolecerem em suas tarefas de trabalho. Diziam-me, “não estrou brincando”! Ao ponto em que eu afirmava-os: na verdade, é o contrário que acontece. É tolice acreditar que uma pessoa feliz e relaxada no trabalho, necessariamente carece de motivação. Pelo contrário, pessoas felizes e satisfeitas no trabalho são quase sempre aquelas que adoram o que fazem Assim aconteceu comigo quando trabalhei na Vale, em períodos áureos da empresa, no Controle de Qualidade, sob as ordens dos engenheiros Lucas Roberto e Antonio Geraldo.
Já foi mostrado repetidas vezes que as pessoas que gostam do que fazem são altamente motivadas, pelo próprio entusiasmo, e continuamente se aperfeiçoam no seu desempenho. Eles sabem escutar e têm uma curva de aprendizado alta. Não é porque sou o chefe que sei tudo. Às vezes, e na maioria das vezes, os chefes não conhecem o segredo do serviço, pois, os trabalhadores felizes são altamente criativos, carismáticos, de fácil convivência e bons membros de equipes. Como no futebol: quando uma equipe engrena todos formam um conjunto quase invencível, não é mesmo? Pessoas ou trabalhadores infelizes, por outro lado, muitas vezes são bloqueadas pela própria infelicidade ou estresse de seu chefe imediato, que as desviam do sucesso.
Pessoas duras, rígidas, dedo duro ou traíras, maldosas ou covardes como se diz na gíria que conheci muito na Vale antiga são de conveniência desagradável e difíceis no trabalho. São pessoas infelizes que muitas vezes sentem-se vitimadas, ou pelo contrário sentem-se felizes em dedurar o companheiro para se promover. Para elas que assim agem, ficticiamente são pessoas felizes, porém, intimamente são infelizes e consumidas pelos próprios problemas – estrese e falta de tempo para pensar em si e nos outros. É difícil para elas enxergarem soluções em problemas a não ser a demissão. Além disso, elas geralmente não têm boa participação em equipes, porque, normalmente são egoístas e preocupadas com as próprias questões ao seu encargo. Vi muito, por muitos anos que essas pessoas são defensivas e, quase sempre péssimas ouvintes.
Eu, modéstia à parte, acho que esta estratégia é uma excelente maneira de apresentar, nesta crônica de hoje, porque uma de minhas ideias é convencer a você, caro ouvinte, de que está tudo bem em ser feliz, generoso, paciente, mais relaxado e misericordioso é uma vantagem, pessoal e profissional. Você não vai amolecer nem se “pisado”. Pelo contrário, você vai se sentir mais inspirado, criativo e inclinado a dar uma contribuição maior do que faz agora. Você terá a oportunidade de enxergar, de encontrar soluções onde seus colegas só enxergarão problemas. Sua energia vai aumentar e você será capaz de trabalhar “no olho da tempestade”, e como terá a cabeça tranquila; será sempre procurado no momento de tomadas de decisões difíceis. Se você caro ouvinte ousar ser feliz, a sua vida vai começar a mudar imediatamente. A sua vida e seu trabalho terão uma importância maior e os sentidos serão como uma aventura extraordinária. Você será amado pela chefia imediata e colegas, sem sombra da duvida. Você poderá chegar ao topo na sua empresa e com isso fará, com certeza, cada vez menos tempestade e, copo d’água, na vida e no trabalho. Pensem nisso. Copos d’água na tempestade existem, mas uma consciência tranquila é o estopim da vitória. E viva Santo Antonio, São Pedro e Paulo e São João os guardiões deste mês que ora se finda. Viva! Viva! Viva! E claro, todos nós queremos ser felizes sempre, apesar dos pesares, não é mesmo?