Tatiana Santos
Os catadores realizam um serviço de utilidade pública na sociedade. Por meio desses trabalhadores, há uma redução na quantidade de materiais descartados no meio ambiente, já que o recolhimento do alumínio resulta também em retorno financeiro.
Esse é o caso de seu Jésus, que aos 52 anos complementa sua renda familiar com o recolhimento desses materiais. De segunda a sábado, ele trabalha em uma empresa de manutenção e montagem industrial na área da Vale. Quando tem folga no sábado, aproveita para catar as latinhas. Mas domingo é de lei, e Jésus recolhe os alumínios.
A bordo de uma bicicleta, o catador vai em busca do “ouro” na região do antigo hotel Pousada dos Pinheiros, no Campestre, em Itabira. O local é frequentado por pessoas que querem se divertir, bater papo durante a madrugada e ouvir música. Muitos acabam deixando as latinhas espalhadas pelo chão.
No último domingo de Dia das Mães (12), a rotina de Jésus começou antes mesmo das 5h da manhã.
Apesar da renda extra, o catador tem consciência ambiental, e chama a atenção para as pessoas que descartam garrafas, plásticos e outros resíduos no meio do mato. “Isso eu não aceito, entendeu? A pessoa podia ter consciência de pegar o reciclado, de pôr na sacolinha. Se tiver longe, se tiver isso aqui, não precisa você levar. Se não tiver, põe num cantinho, que pelo menos os outros vêem e têm como pegar e levar”, lamenta.
Sem tempo para reclamar
De acordo com o trabalhador, ele começou a recolher os recicláveis porque a renda de seu trabalho fixo era pouca e não estava sendo possível pagar as contas de casa. Ao invés de reclamar, resolveu sair para procurar os itens, acreditando que mesmo se não encontrasse, estaria fazendo pelo menos uma caminhada. “Aí eu saí, fui achando a latinha, fui pegando e enchendo a sacolinha”, recorda.
Jésus já tem até um comprador fixo dos materiais recolhidos, que inclusive, busca em casa. Somente no mês passado, o catador conseguiu um valor de R$1800,00 com a venda. Para o comprador levar as latinhas, precisou fazer duas etapas, e o motivo foi o seguinte: “Porque uma viagem só não dava para ele levar tudo. Deu duas viagens”.
Com uma história que serve de incentivo a muitas pessoas, Jésus não se dá por vencido. E mesmo nos dias em precisa acordar às 3h da manhã para trabalhar, não se rende e continua com fôlego para ir em busca de melhoria de vida. “Se você for sair mais tarde, você não acha nada, não vê nada. Aí você volta para casa com uma banana”, finaliza.