Tatiana Santos
Pandora, papagaio, gereba, ou simplesmente, pipa. De região para região, cada localidade se refere às pipas por um determinado nome. Mas, independente de como as pessoas se referem, o que importa é a alegria que há na brincadeira antiga. As pessoas podem até pensar que soltar pipas é um hábito que caiu em desuso, mas não é.
Quem afirma é o servidor público do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e pipeiro, Ciro Gomes de Castro. Natural de Timóteo, mas ‘itabirano de coração’, Ciro das Pipas produz papagaios e confessa duas paixões da infância: futebol, e claro, as pipas. “A bola, eu sonhei em ser jogador de futebol. Eu não consegui ser juiz de futebol amador. Mas depois, eu vi que ser pipeiro é bem melhor que ser juiz de futebol”, brinca.
Sua inserção na produção desses brinquedos iniciou em 1997, quando participou de um festival da Cemig, conquistou o primeiro lugar e resolveu fazer e vender. Na época, foi alvo da descrença das pessoas, que tentavam desestimulá-lo. “Fui muito criticado na época, muito criticado mesmo. O pessoal me gozava falando assim: ‘homem velho vendendo pipa para a rua afora”, diz, aos risos. Ciro passou por cima das críticas, e continuou fazendo e comercializando seus produtos. Não é difícil encontrar o pipeiro pelas ruas de Itabira, sendo um dos locais a avenida Mauro Ribeiro e a feira de agricultores.
Educação com diversão
Com quase 40 anos de atuação na área, ele desenvolve parceria com escolas, levando ensinamento sobre papagaios. A parceria começou quando foi chamado para realizar um projeto voltado a esses brinquedos na Escola Américo Gianetti (Emag). Depois da produção, foi a campo com os alunos e os pais, que demonstraram que a brincadeira da infância estava mais viva do que nunca. Depois, Ciro foi chamado para decorar um aniversário que teve como tema as pipas. Daí em diante, teve a iniciativa de atuar junto à área educacional.
O servidor já desenvolveu seu trabalho em praticamente todas as instituições de ensino da cidade, incluindo a Apae e Combem. Ele conta a história das pipas, ensina o processo de produção em vários estilos e tamanhos, explica sobre a aerodinâmica, e inclusive, ministra oficinas, dá palestras, informando sobre os riscos do uso da linha com cerol, linha chilena e cuidados com a rede elétrica. “Se eu fosse vender a pipa na escola era fácil. Eu chegava, ficava na porta lá, sentava no portão e vendia a pipa. Mas o maior interesse não é ir na escola fazer palestra? Mostrar o que é uma pipa, o que é o coração de boi, o que é um pescador, um rodete, uma estrela”, especifica.
Férias com muito trabalho
Atualmente, Ciro está em período de férias, e ao invés de descansar da rotina, o servidor público está produzindo os brinquedos. A quantidade da encomenda? 3 mil pipas, o que representa sua maior encomenda até hoje. Apesar de as pessoas encontrarem os papagaios em papelarias, supermercados, Ciro resume seu diferencial como a razão de ser tão requisitado: “O acabamento”.
E como a segurança está em primeiro lugar, ele deixa o alerta: “Então, é um momento para a gente chamar a atenção dos pais, e ficarem bem atentos a essa questão da linha chilena, pipa com cerol também, que apesar de não fazer tanto estrago como a linha chilena, ainda é um perigo”, orienta o pipeiro.
Para encomendas, agendamento de oficinas, palestras e outras informações, o telefone de Ciro das Pipas é: (31) 9 9758-7026