Tatiana Santos
Há 116 anos ela faz parte da sociedade brasileira, prestando serviços humanitários, e protegendo as vidas e a saúde das pessoas, principalmente em conflitos armados e emergências. Estamos falando da Cruz Vermelha, entidade criada há 164 anos pelo suíço Henry Dunant, que ajudou combatentes feridos na batalha de Solferino e depois incentivou a adoção de medidas de proteção às vítimas de guerras.
O coordenador socorrista Eustáquio Liberato e o voluntário Élcio Madeira participaram do programa Conexão Regional, na rádio Pontal, para explicarem sobre a organização em Itabira.
Ela foi inaugurada em 9 de outubro de 1985, por iniciativa de Antônio Carolino City Rosa, Maria do Carmo Porto e enfermeiro Luiz Fernando. A sede funcionava no bairro Caminho Novo. Iniciou com mais de 120 integrantes, mas atualmente, possui apenas 18 voluntários.
De acordo com o coordenador, há mais de 15 anos a Cruz Vermelha não forma voluntários no município. Para mudar o cenário, Eustáquio sugere: “Primeiro, tem que começar com os líderes comunitários, partir da comunidade. Eu sei muitas vezes a necessidade de onde tem a insegurança alimentar, por exemplo. Mas a insegurança alimentar daquela comunidade o líder comunitário está mais próximo. Se formasse jovens com esse gesto humanístico, seria mais fácil e renovaria-se o ciclo”.
A comunidade estudantil local se aproxima de mais de 10 mil jovens, o que segundo ele, se houvesse apoio, seria possível fazer uma cartilha de primeiros socorros para os estudantes, podendo despertar o interesse pelo voluntariado.
“Eu gostaria muito que essa comunidade estudantil tivesse essa literatura de primeiros socorros, pois quando tem uma música chiclete é a criança que leva para a casa e até induz o consumo final do produto. E é isso que eu me inspiro, tenho esse sonho de um dia ver a Cruz Vermelha forte, atuante trabalhando essa juventude”, declara.
A entidade não tem sede própria, mas possuía um terreno no bairro Fênix. Anos atrás, houve um acordo com o município de a Cruz Vermelha receber uma sala na rodoviária ou no Mercado Municipal em troca da construção de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). A unidade foi edificada, mas o acordo não foi cumprido pela gestão naquela ocasião. Por não ter sede própria, os equipamentos da organização ficam alocados na casa dos membros mais atuantes.
Eustáquio iniciou na organização há 31 anos. Ele era doador voluntário de sangue para a Cruz Vermelha, quando aconteceu a tragédia na Vila Barraginha, em Contagem, em que 500 famílias foram atingidas e 37 pessoas morreram em um deslizamento de terra. Eustáquio foi acionado por bombeiros para ajudar nos trabalhos de resgate dos corpos de moradores. “De lá para cá, eu tomei amor pela causa”, contou ele, que já foi coveiro e auxiliar de autópsia. Na Cruz Vermelha é mais focado no socorrismo.
No caso de Élcio, ele havia feito um curso de primeiros socorros com a Cruz Vermelha e preencheu uma ficha onde se colocou à disposição como voluntário. “De lá para cá, sempre ajudando, atuando, sempre na correria. Apesar da idade, estou no 4º período de Enfermagem. Mas, atualmente, minha função mesmo é operador de retroescavadeira”, descreveu. Na Cruz Vermelha atua com moto socorrismo.
Trabalhos importantes
Em 2019, numa parceria com as conferências São João Batista e São Mateus, no Gabiroba, e o Grupo Fazer o Bem, a Cruz Vermelha levou mais de 19 mil quilos de alimentos e leite a pessoas necessitadas.
Outra grande atuação na cidade foi quando ocorreu uma enchente de grandes proporções em 1º de janeiro de 1996, atingindo os bairros Nova Vista, Gabiroba, Santa Ruth, Machado. Cerca de 50 famílias tiveram que ser removidas para o Parque de Exposições Virgílio José Gazire.