Tatiana Santos
Na última sexta-feira, 1º de dezembro, foi lembrado o Dia Mundial de Combate à Aids. Nesta data, o foco é para que o mundo se una para a conscientizar a população sobre a doença, que teve seus primeiros casos identificados a partir de 1977 nos Estados Unidos, Haiti e África. Mais de quatro décadas depois, ainda é necessário falar sobre a doença.
Para esclarecer pontos importantes sobre a enfermidade imunológica, o médico infectologista Marcello Fontana, do Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD), em Itabira, concedeu entrevista ao programa Conexão Regional, na rádio Pontal.
O especialista explicou que o portador do HIV é uma pessoa que tem o vírus, mas não manifestou a doença, não estando em sua fase avançada, o que se descreve como HIV positivo, o que é diferente da Aids. “O paciente com a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids), é diferente de HIV positivo, de um HIV mais avançada. Quando o paciente está com sintomas, doenças oportunistas, está perdendo peso, tendo infecções e várias outras repercussões. Isso é Aids, diferente de HIV positivo que é o portador do vírus que não manifestou a doença”, descreveu, lembrando que, para a manifestação, leva-se uma média de 10 anos.
Sintomas
De acordo com o infectologista, o HIV, ao evoluir para a fase da Aids, leva a uma perda de peso com emagrecimento acentuado devido à falta de defesas do organismo, febre prolongada, lesões de pele, infecções oportunistas (por vírus, bactérias e protozoários).
Como consequência, há maior frequência de internações com risco de morte. “A Aids leva ao comprometimento da resposta imune. A imunidade celular, as células de defesa estão comprometidas, e o organismo fica sujeito a todo tipo de infecção. Uma gripe pode matar numa fase avançada, uma infecção de urina, de pele, pode matar”. A presença de um vírus, por exemplo, pode matar, uma vez que o organismo não consegue conter ou combater esses ataques.
Tratamentos disponíveis pelo SUS
Apesar da dificuldade de se combater a doença, os pacientes soropositivos podem se beneficiar de medicamentos que ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico. Segundo Dr. Marcello, somente no Sistema Único de Saúde (SUS), é possível encontrar os antirretrovirais, disponibilizados para os pacientes. Esses medicamentos são conhecidos como coquetéis para HIV, e são amplamente disponíveis aos brasileiros.
O país é modelo no tratamento desses pacientes, e as medicações são extremamente eficientes, conforme afirmou o infectologista. “Mais de 90% desses pacientes, em menos de seis meses negativam o vírus no sangue, o vírus fica zeradinho no sangue. Está lá no corpo, mas é como se não estivesse”, elucidou, acrescentando que o paciente passa a levar uma vida “quase normal”. No entanto, se o paciente ficar sem o remédio, em semanas ou meses, o vírus torna a se multiplicar e os sintomas reaparecem.
Prevenção: educação continuada
Por fim, o especialista destacou que prevenir a Aids envolve educação sexual da sociedade, de maneira continuada, desde a juventude até a terceira idade. Dr. Marcello defende que os adolescentes devem ser informados no ambiente escolar, assim como os pais e familiares fornecerem informações logo que os jovens começam a entrar na pré-adolescência/adolescência. “Isso, ao longo da vida, essa educação, levar a uma cultura do uso do preservativo, que é muito baixo hoje na população jovem”. Ele emendou: “A doença também cresceu na terceira idade. É muito importante isso [prevenir], e o principal mecanismo para mim, é a prevenção”.
A atenção ao uso da camisinha durante qualquer tipo de ato sexual, em qualquer idade, assim como palestras e campanhas, para o infectologista é a melhor maneira de se prevenir a doença. O médico ainda avalia que, mesmo na população adulta, há uma impressão de que a Aids não existe mais. Ele citou a morte de personalidades importantes, como os cantores Cazuza e Renato Russo, o cartunista Henfil e o irmão, o sociólogo Betinho, todos devido à doença, entre as décadas de 1980 e 1990.