Tatiana Santos
Quando se fala em mercado de trabalho, o currículo é algo extremamente importante, a primeira porta de entrada para as oportunidades de emprego. O que ocorre, é que muitas vezes as pessoas têm dúvidas com relação a esse documento fundamental. Afinal, o que deve constar no currículo? Quem responde a essa e outras questões é a coordenadora de Recursos Humanos e sócia da Insight Fatores Humanos, Elaine Oliveira.
De acordo com a empreendedora, primeiramente, é necessário pensar em uma mudança muito nova em relação a esse documento, que é a questão da inteligência artificial hoje estar inserida nos processos seletivos. Elaine esclarece: “Por exemplo, nós, na nossa empresa, trabalhamos com o sistema e ele tem uma leitura de inteligência artificial. Então, por isso que muitas vezes a gente pede que o candidato faça o seu cadastro no sistema e não envie um currículo pelo WhatsApp ou anexo ao currículo”.
Palavras-chaves
Ela explica que quando alinha com a empresa que cadastrou a vaga para ser disponibilizada aos candidatos, são colocadas todas as questões que são importantes para aquele cargo. Nessa inserção da vaga, são constadas as palavras-chaves no sistema para encontrar e buscar esses candidatos, com base nessas palavras. Ou seja, todos que se inscreveram para a vaga, por exemplo, 150 candidatos, terão seus curriculos avaliados com base nos quesitos das palavras-chaves.
A coordenadora exemplifica como acontece esse processo de leitura dos currículos: “Eu tenho uma ferramenta e eu vou colocar naquela ferramenta assim: ‘olha, estou procurando um vendedor com experiência de peças automotivas, por exemplo’. E aí eu escrevo essas palavras-chaves e dentro daqueles 150 que se escreveram, ele vai trazer para mim os que estão mais adequados ao que eu estou procurando. E eu começo por esses”.
Caso não encontrar ela pode baixar a régua e consultar um outro grupo. Por esta razão, é essencial que a pessoa entenda a vaga que está se candidatando e adeque o currículo à vaga, ou às vagas, se quiser estar à frente de algumas pessoas. Este é o primeiro ponto para que o seu currículo esteja visível para o recrutador.
Currículos mais enxutos
Se antes, era comum que, quanto mais cheio o currículo fosse, mais cotado seria também. Ao contrário, hoje em dia, a tendência é de currículos mais enxutos. Os dados pessoais servem exclusivamente para a empresa ou recrutador identificar a pessoa e fazer contato, e devem estar bem claros e objetivos. “Então, o ideal é que a gente seja o mais sucinto possível. Nome, endereço, telefone, e-mail, o link do LinkedIn para as posições que são mais estratégicas é super importante fazer associação”, declara Elaine. Não é necessário inserir o número do CPF nem do RG. Em relação à foto, hoje em dia não se recruta mais as pessoas pela primeira impressão, ou seja, não é importante que a coloque no currículo.
Estruturação
Para um bom currículo, é interessante que se siga uma sequência estrutural. Para a coordenadora, ele deve começar sempre pelos dados pessoais. Em seguida, vem um resumo, fazendo um breve relato da experiência profissional, constando qual a empresa, qual o período, o cargo que ocupou e o que fazia em relação às atividades. Esse ponto engloba também situações em que se conseguiu alcançar resultados que foram significativos numa empresa. Por exemplo, se o candidato trabalhou por tempo x na corporação e alavancou o lucro dela ou diminuir algum tipo de processo.
No caso de quem nunca trabalhou, esse campo passa a se chamar objetivo, “que é quando eu coloco lá qual que é o meu objetivo, de fato. Olha, o meu objetivo seria no mercado de trabalho, no ramo tal, com essas habilidades”. Na sequência, estarão as formações, sempre da mais recente para a mais antiga. É importante sinalizar qual foi o período em que esteve estudando, a instituição, o grau de escolaridade. Além disso, é conveniente citar cursos livres, complementares, se eles fizerem sentido para a vaga buscada.
Por fim, o trabalho voluntário deve aparecer no currículo. “É super importante. É ali que eu vou entender, de fato, o que é valor, o que a pessoa está prezando em relação à vida e propósito dele. O trabalho voluntário, inclusive, é uma dica muito boa para quem é primeiro emprego”.