Tatiana Santos
O Dia da Consciência Negra é comemorado em 20 de novembro. A data foi escolhida para homenagear Zumbi, o líder do Quilombo de Palmares, que morreu nesse dia, em 1695. Pelo Brasil, são realizadas inúmeras iniciativas de conscientização por diversos órgãos, setores e entidades.
Em Itabira, a Paróquia Santo Antônio, localizada no bairro Gabiroba, haverá uma vasta programação para a comunidade. As atividades são organizadas pela Pastoral Afro-Brasileira da paróquia, coordenada por Sônia Maria Silva Assunção e equipe. Ela integra a pastoral desde sua fundação, há aproximadamente três décadas. O evento tem co-realização da Cáritas Dioscesana, Promotoras Legais Populares de Itabira, Instituto Fala Quilombo, Neabi/Unifei, e apoio da Paróquia Santo Antônio.
Programação:
Data: 20 de novembro- Local: Adro da Matriz de Santo Antônio, no bairro Gabiroba
16h: Abertura
Conduzida por Ita, Ogã Negão e Lia Andrade
16h30: Apresentações Artísticas:
Maestro Melquíades Mamedes: Solo de saxofone
Carlos Oliveira: Violão
Wez, Cavernoso, Melo e LP: Rap
Shall MC e João Rasta: Performance musical
18h30: Intervalo
19h: Descendimento da Bandeira e Missa Afro:
Celebração com elementos da espiritualidade afro-brasileira
20h30: Coral da Aposvale
Apresentação de encerramento.
Pastoral Afro-Brasileira
Fundada há cerca de 30 anos, a Pastoral Afro-Brasileira tem como objetivo combater o racismo. De acordo com Sônia, o carro chefe para iniciar esse movimento foi a partir da Campanha da Fraternidade de 1988, com o mote ‘Eu ouvi o clamor do meu povo’. Ela explica: “Então, essa campanha vai impulsionar os leigos, leigas e alguns padres, bispos, a criar essa pastoral para trabalhar, para combater o racismo. Mas não é fazer uma guerra, mas é fazer com que as políticas públicas possam chegar até esses que até então viviam muito marginalizados, fora do contexto, excluídos”, esclarece.
Segundo a coordenadora, no Brasil o racismo é algo velado, e não tão perceptível, apesar de hoje se perceber essa prática tem se manifestado mais abertamente. Mas quando se trata de pastoral, se fala da participação da igreja católica. Como explica, o movimento propõe mais inclusão e chamar as pessoas à conscientização quanto à desigualdade.
É possível comemorar
A pastoral atua, não somente no contexto da igreja, mas, além disso, também participa do Conselho da Promoção da Igualdade Racial, realiza palestras nas escolas, fazendo rodas de conversas sobre o racismo, visitando instituições da cidade. Desenvolvendo um papel incessante de conscientização e combate à discriminação racial, a equipe atua com afinco, pois acredita na causa e embasada numa visão positiva, Sônia diz que é possível acreditar em mudanças e o Dia da Consciência Negra é festivo.
“Dá para comemorar, sim. Eu não sou pessimista, não. Claro que tem muito para ser resolvido, muita terra para ser retirada, porém dá para comemorar. Hoje a gente tem o sistema de cotas, porque, antes o negro não ia na faculdade. Eu mesmo entrei da faculdade antes do sistema de cotas. Mas só Deus, eu e minha mãe que já partiu, que sabemos quanto nós sofremos e o quanto a gente deixou, às vezes, até de comer alguma coisa para eu ter uma faculdade paga aqui em Itabira”, declara a professora aposentada, que faz parte da primeira turma de faculdade de Letras em Itabira.