Tatiana Santos
A estudante itabirana Maria Cristina Oliveira da Silva, de 16 anos, foi a ganhadora do 13º Concurso Nacional de Desenho e Redação da CGU (Controladoria Geral da União), realizado no final de 2024. O resultado foi divulgado no dia 22 de janeiro. O concurso mobilizou quase 300 mil estudantes (289.467) de todo Brasil e recebeu 5.194 trabalhos. Maria Cristina participou do programa Conexão Regional, na Rádio Pontal, no último dia 29, e contou toda sua trajetória até chegar à conquista deste grande mérito.

Proveniente de escola pública, a adolescente que faz o 1º ano do Ensino Médio, começou a estudar no Colégio Nossa Senhora das Dores (CNSD) em 2024, motivo pelo qual receava não ser suficiente para estar na instituição de ensino. Mas ela venceu a insegurança, e por incentivo do professor de Literatura e Redação, Maxsandro Soares, escreveu a redação. O tema foi Cidadania Digital, do qual a jovem não tinha conhecimento. Max explicou sobre o assunto durante a aula, e aos poucos, a itabirana foi se familiarizando. O texto foi escrito também em sala, com os outros alunos. O professor leu todos e o que teve destaque foi o de Maria Cristina. Com isso ele inscreveu a redação no concurso.
O que Maria Cristina escreveu?
Com espaço limitado a 30 linhas, Maria Cristina decidiu redigir um conto, por gostar do gênero e já ter alguns escritos em sua casa. A estudante teve a ideia de criar um personagem criança que contasse para os amigos sobre a cidadania digital, a necessidade de tomar cuidado com o que se compartilha na internet. “Porque eu pensei que tem muita criança hoje em dia que tem um acesso ilimitado às redes, à internet no geral, e achei que seria interessante abordar isso”, comenta.

Foi um conto como se a internet tivesse tomado vida própria e começasse a conversar com a criança, contando que havia um rei malvado que manipulava a internet, usando dados e informações dos moradores daquele reino para finalidades ruins. Ela fez um alerta quanto aos termos de uso que as pessoas aceitam vitualmente. O título foi ‘Segredos da Weblândia’.
Tudo com o auxílio de Deus
Maria Cristina disse que não esperava participar do concurso e que o resultado foi uma grande surpresa. “Meu professor Max chegou lá na sala, na aula de redação, e falou para a gente que ia ter um concurso que era para todo mundo participar, porque é uma oportunidade incrível”, lembra. Demonstrando ser uma jovem de muita fé, sua preparação “se resumiu na base da oração. O Max falou que ia ter prêmio, passou o tema para a gente, e eu pensei: ‘Deus, eu quero esse prêmio, quero ganhar esse negócio e eu Te peço que, se for da Sua vontade, o Senhor esteja me dando criatividade, me capacitando a escrever as palavras certas’. Então foi isso, foi realmente Deus, foi o agir d’Ele na minha vida por meio de mim que me fez ganhar”.

Apesar de acreditar que Deus poderia ajudá-la a conquistar o prêmio, ela não tinha expectativa de ser a primeira colocada. Inclusive, por alguns momentos viu a insegurança atormentá-la e ela perguntava ao professor se realmente tinha chance de se destacar. Impulsionada novamente por Max, ela recorda: “Ele falou: ‘Ôh, fia, eu escolhi a sua redação porque eu vejo potencial em você, você precisa descansar nisso, eu escolhi porque é boa de verdade e você também precisa acreditar em você’. Aí eu guardei muito isso no meu coração, e desde então, fiquei bem mais em paz”. Sobre a inspiração para seu texto, Maria diz que sabe exatamente de onde surgiu: “Eu não tenho ideia, mas, na verdade, tenho sim. Eu acho que veio de Deus. De verdade. Porque em nenhuma área da minha vida eu tinha esse pensamento de que eu queria escrever e falar que a internet ganhou vida, que tinha um rei malvado. Isso veio de Deus mesmo”.
O resultado
A estudante confessa que nem se lembrava mais da redação, quando Maxsandro pediu o contato dela a uma amiga. Ele a chamou no WhatsApp, mandou um print com seu nome e do colégio perguntando se era ela, o que arrancou lágrimas da garota. “Eu ‘danei’ a chorar. Minha mãe tinha acabado de chegar, aí eu chorei, chorei, chorei”, lembra. Assim que a mãe da jovem viu a mensagem, se emocionou junto da filha. “Aí, começamos nós duas a chorar muito, muito mesmo. Mas era um choro de muita alegria, muita gratificação, muita gratidão a Deus”. A reação preocupou até o tio da garota que mora próximo. Preocupado, ele foi até a residência da sobrinha para saber se estava tudo bem.
Premiação
Ainda sem saber exatamente o que ganhará como prêmio, Maria Cristina destaca que nos anos anteriores, as bonificações eram notebooks, certificados e passagens de avião pagas para a cerimônia em Brasília. A CGU tem até o final de abril para realizar a entrega da premiação.
Ainda sem conseguir digerir muito bem a vitória, Maria assume que a ficha ainda não caiu. Apesar de dominar bem as palavras, quando pensa em futuro, a jovem confessa que quer se formar em Medicina e seguir na área da psiquiatria. A torcida é para que ela possa escrever lindos capítulos em sua história.