Tatiana Santos
Cerca de 5,4 milhões de brasileiros sofrem com a hérnia de disco, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo que 80% da população mundial é afetada pela doença, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Com grande prevalência, em algum momento da vida essas pessoas vão sentir alguma dor na coluna. A afirmação é da fisioterapeuta Silvia Schneider, especialista em tratamento de coluna, que atua em Itabira e Ipatinga.
Para saber como tratar, primeiro é necessário entender o que é o problema. A hérnia é uma lesão que ocorre quando o conteúdo gelatinoso de um disco dentro da vértebra sai do seu revestimento, resultando em dor. Nem toda hérnia é sintomática, precisa ser tratada ou terá uma evolução ruim, mas dos 30% de casos, 15% vão evoluir para problemas mais sérios. “E aí sim, vão trazer algumas dores mais fortes. A pessoa vai ficar com algum nível de incapacidade, onde ela realmente vai ter que procurar ajuda de um profissional e realizar um tratamento”, especifica.
Números consideráveis
Aproximadamente 15 mil pessoas em Itabira têm problemas mais graves na coluna relacionados à hérnia de disco, o que é um alto número. A doença figura no ranking de patologias que têm os maiores índices de afastamento de trabalho, em paralelo com patologias psiquiátricas. Silvia destaca que mais de 85% dos casos de hérnia são hereditários, mas que um estilo de vida saudável e uma boa postura podem evitar que a pessoa desenvolva a doença.
Mas mesmo sem predisposição ao problema, pessoas com hábitos ruins podem propiciar o acometimento: “Os grupos mais afetados são pessoas que trabalham muito tempo sentadas, pessoas que trabalham pegando muito peso e de forma inadequada. Fumantes aumentam a chance de desenvolver a hérnia de disco. Mas a grande maioria está muito relacionada com a postura”. Se a pessoa trabalha muitas horas sentada e não cuida da postura, é séria candidata à doença.
Como identificar o problema
A especialista destaca que o paciente deve se atentar para identificar a doença, já que nem sempre ela deixa sintomas tão evidentes. Mas, segundo Silvia, alguns sinais de hérnia são: dor lombar nos extremos da coluna (na área do pescoço, chegando na região glútea) que mesmo utilizando medicamentos a dor acaba voltando. Essa recorrência já é um sintoma a ser investigado.
Outra situação é a irradiação da dor na lombar que desce para o glúteo, chegando à parte traseira da coxa, panturrilha, alcançando o pé. Também são sinal de alerta, dor no pescoço avançando para o braço que acaba ficando dormente, pontas dos dedos adormecidas ou pés com formigamento. O terceiro sinal não se relaciona à dor, mas à dormência nos braços e na mão, no glúteo, na coxa ou nos pés.
Por fim, cabe atenção se no final do dia a pessoa tem uma sensação de dor intensa ao se levantar e muitas vezes, fraqueza muscular. “Normalmente, essas dores não são estáticas, elas vão se irradiando, nunca ficam paradas em um lugar específico. É uma dor que antes ficava, mas depois começa a ter uma irradiação com o avançar da doença”, explica.
Detecção
De maneira geral, quando o paciente chega no consultório, é porque já fez fisioterapia, já tomou remédio, injeção, choque etc, ou seja, tentou inúmeras alternativas. Muitas vezes, chega com encaminhamento de ressonância magnética ou tomografia. Para avaliar a situação de cada paciente, é necessário realizar testes específicos, além de fazer a anamnese, que é conversar com o paciente sobre suas queixas e histórico.
Tratamentos clínicos
Se até pouco tempo atrás a hérnia era tratada com medidas paliativas, como medicamentos, choques, fisioterapias, atualmente, hoje há protocolos mais eficazes, reduzindo a possibilidade de uma cirurgia em alguns casos. A especialista argumenta que ela trabalha com tratamentos mais modernos. Após identificar o caso do paciente, ele será enquadrado em um tratamento adequado, sendo que “o grande diferencial é tratar a causa, não ficar só no paliativo. A gente não pode ficar ali tapeando sintoma com medidas paliativas”.
O método utilizado para atuar na raiz da dor é descomprimir o nervo da hérnia, voltando-o para seu local correto, fazendo a reabsorção do disco no interior do orifício. Essa estratégia substitui em muitos casos uma cirurgia. Mas hoje em dia, há métodos que tornam possível fazer esse processo sem técnica invasiva.
Alguns hábitos ajudam a evitar a hérnia de disco. São eles: praticar atividade física regularmente; fazer exercícios de alongamento; fortalecer a musculatura abdominal e paravertebral, manter uma postura correta; evitar o sobrepeso e a obesidade; evitar ficar muito tempo na mesma posição; usar calçados adequados; evitar carregar muito peso; evitar o tabagismo e ter uma alimentação saudável.