Tatiana Santos
O Bloco do Cemitério, criado há seis anos pelos professores Adolpho de Melo Marques e Joaquim Olegário, realizará um baile à fantasia, no próximo dia 9 de novembro, em Itabira. O evento será realizado a partir das 17 horas no Espaço Ayres, localizado no bairro São Pedro, e tem como objetivo trazer o universo do cemitério à festa, mas de maneira descontraída. O baile é aberto a todos que desejam participar. A parte musical ficará por conta de Nonoca e Romário, DJ Miro, além de outras atrações.
O recomendado é que os participantes se fantasiem ou se maquiem com facetas de caveiras mexicanas. Como adianta Joaquim, caso a pessoa tenha um artista predileto que já não esteja mais entre nós, este pode ser sua fantasia, como uma homenagem ao ídolo. “Pode homenagear o artista que quiser, desde que não esteja mais entre a gente. Em memória. Porque sempre está com a gente, nosso imaginário”, explica.
Na ocasião, será lançado o nome do artista que será homenageado pelo bloco no Carnaval de rua em 2025. Nesse ano de 2024, a roqueira Rita Lee foi a tributada pela agremiação. Ela morreu em maio do ano anterior, aos 75 anos, em decorrência de um câncer de pulmão. “Foi lindo demais o cortejo descendo. Todo mundo de peruquinha, óculos, fazendo essa referência estética do que é a Rita Lee. Em outros anos, a gente homenageou a Gal Costa, a Betty Carvalho, o Vando, enfim”, relembra. Durante o evento, será feito o lançamento da pré-camisa do homenageado de 2025.
O professor ainda destaca que os ensaios para o pré-Carnaval do ano que vem já está acontecendo na pracinha do bairro Pará, sempre às quartas-feiras no horário de 19 horas. Além da preparação para a folia, os participantes se encontram para degustar rodadas de cerveja, de chope, cachaça, acompanhado por um churrasco, sanduíche.
Ingressos podem ser adquiridos pelo Sympla através do link: https://www.sympla.com.br/baile-a-fantasia-do-bloco-do-cemiterio__2684112
Como surgiu o bloco
“Nós que aqui estamos, por vós esperamos”. Este é o lema do bloco, e por mais estranho que possa parecer, o nome deriva de uma perspectiva paradoxal, ou seja, o contrário a uma visão de óbito. Criado em 2018, a intenção era ressignificar o cemitério, que é um espaço de dor e sofrimento, trazendo irreverência, sem portanto, debochar do luto. “A gente utiliza a ideia da morte para celebrar vida, lembrar que a gente está vivo, lembrar que a gente está carnavalizando, buscando alegria, saúde, que é importantíssimo também, mas sem perder o foco”, explicou Joaquim em entrevista ao programa Conexão Regional, da rádio Pontal, em fevereiro.
O bloco iniciou com um grupo de aproximadamente 30 amigos, que foram para a porta do cemitério do Cruzeiro beber cerveja, batucar e festejar o Carnaval. “Foi uma junção de fatores. O Joaquim, que tinha essa perspectiva de pensar uma questão mesmo vinculada à História quando a gente trabalha essa ideia de memória, e o Adolpho, como professor de música e também de História, de fazer essa regência do nosso corpo de percussão. Fez esse casamento dos nossos projetos, e nasceu o bloco”. Entre os instrumentistas, a organização contabiliza 65 músicos, sendo 80 membros fixos. Os festejos não são realizados nas dependências do cemitério, mas na rua que dá entrada ao local.
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