Tatiana Santos
A fisioterapeuta Jaqueline Ferreira, moradora do bairro Campestre, em Itabira, está realizando uma importante ação para ajudar seus quatro tios que têm distrofia muscular e precisam da fisioterapia respiratória. Para tanto, está promovendo um evento para auxiliar no pagamento de um aparelho fundamental para a qualidade de vida dos pacientes, denominado como Coach Assist ou máquina de tosse. O equipamento teve um custo de R$29,7 mil, e serve para pessoas que têm dificuldade de tossir, seja por alguma doença neuromuscular, pelo tempo prolongado de internação ou qualquer pessoa que tenha uma deficiência de tosse por causa de fraqueza muscular.
Para levantar esses recursos, a fisioterapeuta programou o Samba Solidário no próximo sábado (19), no Espaço de Eventos Ayres, das 16h às 22h, com a participação de vários parceiros que abraçaram esta causa. Presença confirmada do Grupo Sambez, da Bateria Calangodum da Unifei e do DJ Rafa, de Belo Horizonte. As entradas poderão ser adquiridas apenas pela plataforma Sympla. Endereço do evento: Rua Begônias,180, bairro São Pedro
Jaqueline descreve a situação: “São quatro tios com distrofia muscular. Antes eram seis, sendo que dois faleceram há pouco tempo. Uma, inclusive, em 2020, faleceu em decorrência de uma parada cardiorrespiratória devido ao excesso de secreção [no pulmão]”.
Ajudará também outros pacientes da comunidade
Vendo essa necessidade familiar, ela que já trabalhou em hospitais, teve acesso à máquina de tosse em 2011, quando se especializou em Belo Horizonte. “Vendo essa necessidade da família e vendo que eu posso ajudar outras pessoas na comunidade, é que eu resolvi levantar fundos para fazer isso [comprar a máquina]”. Jaqueline faz questão de deixar claro que o equipamento vai beneficiar, não somente seus familiares, mas inúmeras outras pessoas que tenham o mesmo problema e precisem do dispositivo.
No mês de março, a fisioterapeuta realizou uma vaquinha solidária para levantar recursos para a aquisição da máquina. Apenas parte do valor havia sido arrecadado, mas, devido à necessidade dos tios, Jaqueline deu entrada no equipamento e conseguiu dividir o valor restante em 12 parcelas. Até o momento, ela conseguiu pagar apenas cinco parcelas, mas ainda têm sete restantes. “Hoje, eu devo um total de R$11.699 dessa máquina”, revela.
O intuito é pagar o equipamento, não arrastar a dívida e ficar mais tranquila para disponibilizar o dispositivo também à comunidade. Segundo ela, o objetivo é ainda maior: “A ideia é a seguinte: eu quero trazer até um colega fisioterapeuta que é bem mais capacitado nessa área para dar uma palestra, um treinamento para outros colegas fisioterapeutas que queiram utilizar a máquina em algum paciente domiciliar, em algum paciente hospitalar que realmente precise”. Basta trocar o circuito e a máscara, que o aparelho pode ser utilizado por muita gente.
Sem arrependimentos
Ao ser questionada se ela se arrependeu de contrair uma dívida tão alta e longa ao ponto de precisar fazer a vaquinha e o evento, Jaqueline é enfática: “Eu acho que nesses momentos a gente tem que deixar um pouco da loucura vir, aflorar mesmo, porque se não fosse isso, eu já utilizei a máquina com o meu tio várias vezes. Ele está no processo de resfriado muito forte, tomando antibiótico, com muita secreção não consegue tossir. Para remover as secreções a gente tem que praticamente subir em cima do paciente para fazer uma força no tórax, ou então enfiar uma sonda via narina para chegar na traqueia e aspirar, que é uma terapia invasiva, dolorosa. Eu não me arrependo em momento algum de ter feito essa loucura, entre aspas, de adquirir essa máquina”, encerra a fisioterapeuta.