Tatiana Santos

A Federação Internacional de Sociedades de Oncologia de Cabeça e Pescoço instituiu a data de 27 de julho como o Dia Mundial do Câncer de Cabeça e Pescoço. Em referência, é comemorado o Julho Verde, campanha que ocorre durante o mês com o objetivo de levar conscientização à população. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) prevê somente para este ano de 2024, um quantitativo expressivo de 39.550 novos casos de câncer de cabeça e pescoço.

A dentista Alice Araújo, especialista em cirurgia buco maxilo facial, e a voluntária responsável pelo marketing da Oncoviva, Neide Monteiro, compartilharam informações importantes sobre a doença e a necessidade de conscientização.

O câncer de cabeça e pescoço, se refere a qualquer tumor que se desenvolve nessas regiões, podendo ser referenciado de acordo com a área atingida. Pode acometer a boca, a faringe (garganta), laringe ou a glândula tireoide. Os fatores de risco que têm maior expressão nos cânceres de cabeça e pescoço são: o cigarro e a bebida alcoólica. A combinação dos dois é um agravante. Outro fator de risco é o vírus HPV, que geralmente é transmitido através de sexo oral sem preservativo.

Importância do auto exame

De acordo com dra Aline, muitas vezes a pessoa tem, por exemplo, uma ferida na boca e não sabe do que se trata. Ela frisa a importância do auto exame, uma vez que o próprio paciente consegue visualizar se há alguma alteração. Ela orienta: “Olhar no espelho, avaliar dentro da boca, puxar a língua para fora, puxar a bochecha, olhar a gengiva debaixo da língua, os bordos de língua. É muito interessante para ver se tem alguma coisa diferente”.

Para um diagnóstico preciso, se aconselha procurar um médico ou um dentista. “A própria pessoa que vê algumas coisas que podem ser observadas, por exemplo, uma ferida que demora muito a cicatrizar, feridas que não cicatrizam, já podem pensar em procurar um especialista”. A profissional destaca que qualquer lesão na boca muito diferente, ardor persistente, sangramento fora do normal precisam ser investigados.

Diagnóstico

O dentista pode diagnosticar clinicamente o câncer, fazendo uma biópsia com a retirada do material para análise. A partir da detecção do tumor, o paciente é encaminhado para acompanhamento com o cirurgião de cabeça-pescoço ou cirurgião oncológico. Assim como outros cânceres precocemente diagnosticados, os pacientes com o tumor de cabeça e pescoço alcançam chances de 90% de sobrevivência. A especialista lembra que nem tudo é motivo para pânico e não é toda ferida na boca é um câncer.

Quando descoberto tardiamente, o tratamento geralmente é feito por meio de cirurgias, que, inclusive, são muito agressivas e até mesmo mutiladores para a remoção. Se o paciente tem um câncer de língua em fase avançada, muitas vezes pode haver a perda de todo órgão. Inclusive, pelo fato de a célula cancerígena circular na corrente sanguínea, pode se desenvolver em outros lugares, gerando metástases. “Para que haja o diagnóstico, a pessoa tem que focar realmente no auto exame. O auto exame é primordial”, afirma a dentista.

Atuação da Oncoviva e do município

Neide adiantou que no próximo sábado (06/07), voluntários da Oncoviva farão uma intervenção juntamente da Parada Legal, em frente o Mercado Municipal Caio Martins da Costa (Cobal). A ação acontecerá de 8h às 12h30, e contará com professores e alunos do curso de Odontologia da faculdade UNA. “Vão estar lá com orientações, com distribuição de panfletos e com pessoas também que podem dar informações e orientações sobre essa doença”.

Em cada mês, a associação trabalha um tipo de câncer. Além disso, a entidade está realizando o Café Solidário, que funciona no Centro Oncológico de Itabira (COI), no Hospital Nossa Senhra das Dores, de segunda a sexta-feira, de 8h às 10h. “Então, a nossa função é levar orientação e informação a toda a população”.

Ainda de acordo com Neide, a Secretaria Municipal de Saúde preparou ações para serem realizadas no decorrer de julho. “As equipes de Saúde Bucal enfeitam as UBS com balões e cartazes explicativos sobre o tema. Distribuem cartilhas para destacar a importância da campanha contra o câncer de cabeça e pescoço. Além disso, as equipes realizam palestras em salas de espera”, descreve. Também fazem busca ativa de usuários com fatores de risco e organizam mutirão de avaliação clínica de usuários com suspeita ou com fatores de risco aumentados para encaminhá-los ao estomatologista.