Tatiana Santos
No próximo sábado (22/03) será realizado em Itabira o ‘1º Café Maternidade Atípica’ no auditório do Sindicato Metabase de Itabira e Região. O evento acontecerá das 14h às 17h e é organizado pela mãe atípica e empresária Thricia Aguiar e a terapeuta e mentora de mulheres, Lorena Magalhães. Thricia é mãe do Murilo de 7 anos, que é autista nível 1 de suporte, e do Miguel, de 3 anos, que não tem nenhum tipo de deficiência.
Entendendo os desafios diários das mães atípicas, a dupla resolveu reunir mulheres para promover acolhimento. De acordo com Thricia, o mês da mulher é comemorado de várias maneiras, e muitas vezes, uma mãe atípica nem sempre consegue participar, devido à alta demanda dia-a-dia com os filhos, seja levando às terapias ou suprindo as necessidades cotidianas.
No encontro, está sendo preparado um café especial, onde as organizadoras reservarão momentos de descontração, sorteio de brindes, e o melhor, haverá muita interação entre as mães e a busca pela identidade de cada uma, por meio de conversa individual com a terapeuta. “Nós tiramos esse tempo para poder acolher essas mulheres. Vai ser um evento bem legal, voltado para as mães mesmo”, destaca Thricia. As interessadas em participar devem se inscrever pelo formulário, clicando AQUI. Uma das parceiras é a profissional Ana Bueno, que atua com mesa posta.
Aceitação e tratamento
Como mãe de autista, Thricia explica que a condição do filho foi descoberta quando ele tinha 1 ano e 8 meses, com diagnóstico fechado aos 2 anos. De lá para cá, ela procurou as intervenções necessárias, não somente o tratamento com psiquiatra, mas terapia ocupacional, fonoaudiólogos, suporte específico dentro das comorbidades, exames. Tudo muito rápido, segundo a mãe, justamente para que Murilo conseguisse ter uma vida melhor, mais funcional. No meio de sua trajetória de mãe atípica, conheceu várias outras que tinham essa mesma condição, e agora, pretende apoiá-las.

“Hoje, depois de seis anos [pós diagnóstico], ele é uma criança nível 1 de suporte. Ele já consegue se desenvolver bem em várias áreas. É uma criança funcional, claro que em determinados momentos precisa de uma ajuda, mas ele realmente teve uma melhora muito boa e eu acredito que seja, abaixo de Deus, a intervenção precoce mesmo que a gente fez”, acredita. Tanto os pais quanto o restante da família inserem Murilo em todos os lugares, fazendo-o entender que não é diferente de ninguém por conta de sua condição.
Em busca da essência
Amiga de infância de Thricia, Lorena é mãe de três filhos, sendo dois gêmeos. Apesar não ser atípica, resolveu abraçar a causa e ajudar, por entender as dificuldades diárias da amiga. A terapeuta argumenta que se incluiu nesse projeto para ajudar as mulheres a se autoconhecerem, a aceitarem a condição dos filhos, sua identidade e essência.
No evento do próximo final de semana, Lorena questionará as participantes com a reflexão: “A pergunta inicial é o quê? Mãe, se a maternidade sumisse agora na sua vida, quem era você? Quem é a pessoa? Quem é você, mulher? Então, lá eu vou trabalhar isso”, adianta a profissional.

Ela esclarece ainda, que quando uma mãe descobre quem é, seu potencial, ela para de ser vítima, e ao contrário, vira protagonista da própria vida. Se colocando no lugar de dirigir sua vida, “ela consegue assumir todos os B.O’s dos seus filhos com mais compaixão e amor. Ela fica mais calma em ter as decisões na vida dela”. Algo comum e pouco falado é o cansaço das mães atípicas e como lidar com o esgotamento físico e mental. Para a terapeuta, é importante focar menos no problema para evitar a sobrecarga. E é isso que ela fará, ajudando as participantes a virarem a chave para focarem na solução que necessitam para ajudar os filhos.