Tatiana Santos
O delegado João Martins Teixeira, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), conversou com a imprensa na tarde desta sexta-feira (07/02), para abordar sobre o caso do médico preso suspeito de abuso sexual em Itabira. Ao contrário do que se sabia anteriormente, de que os crimes teriam sido praticado contra seis mulheres, agora a polícia trabalha com o número de 10 vítimas que denunciaram o médico. Cinco delas são pacientes do suspeito, e cinco funcionárias do hospital em que ele prestava serviço. A delegacia tem trabalhado com algumas provas testemunhais e provas periciais a serem concluídas.
Sobre o local em que os crimes teriam sido praticados, João Martins informou que o ambiente hospitalar seria o cenário: “Até agora, todos os elementos que a gente coletou, eles apontam que todos os crimes ocorreram dentro do hospital enquanto esse suspeito exercia a profissão dele”. Conforme o delegado, o relato mais antigo de vítima que se tem até o momento é do ano de 2015. O mastologista era considerado um profissional respeitado e de renome em Itabira.
Toques indevidos e violência
Os relatos das vítimas são diferentes, uma vez que algumas declararam que foram agarradas dentro do consultório, principalmente as funcionárias. Todas as mulheres contaram que foram agarradas às escuras no hospital ou dentro do consultório, foram forçadas, e tiveram, inclusive, toques indesejados. “Já as pacientes relatam coisas diferentes, algumas alegam comentários inapropriados, outras alegam toques inapropriados e até mesmo a violência. A conjunção carnal ali é na sua forma mais grotesca”, descreveu o delegado.
Todos os crimes ocorreram em Itabira, inclusive com uma das vítimas de João Monlevade que veio até a cidade para ser atendida pelo mastologista. O perfil socioeconômico era, em sua maioria, de “mulheres vulneráveis, mais simples, mais humildes”, mas a delegacia ainda está traçando um perfil nesse sentido.
Dr João Martins informou que uma das vítimas alegou que houve conjunção carnal, já as demais contaram que foram praticados outros atos libidinosos, como toques, falas impróprias ou agarrões. “O estupro não ocorre necessariamente com a conjunção carnal. Pode ocorrer com a conjunção carnal ou com a prática de outros atos libidinosos, desde que haja ali a força, a violência ou a grave ameaça. Ele dispensa a conjunção carnal”, esclareceu.
Por ser mastologista, o suspeito precisava tocar nas pacientes, mas algumas vítimas alegaram apalpamentos indevidos nos seios, demora demais ao tocar as mamas durante o exame. Outras disseram que o médico tocava outras áreas do corpo que não tinham nenhuma relação com o exercício da função. Porém, uma delas contou que no momento do exame, jamais imaginou que pudesse estar sendo assediada. “Ela só caiu na real, só percebeu isso quando foi consultar com outro médico do Belo Horizonte e percebeu que não havia nada daquilo semelhante ao que ocorreu ali”, informou o delegado.
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Preferiu ficar em silêncio
O médico foi intimado antes de ser preso, atendeu a notificação da delegacia acompanhado dos advogados que o orientaram a ficar em silêncio, nas duas ocasiões em que foi até a unidade. Em relação a qualquer tipo de depoimento, o profissional de saúde teve oportunidades de falar, mas se absteve de fornecer qualquer declaração.
Por fim, de acordo com o delegado, o inquérito já está se encaminhando para a fase final, sendo que as autoridades aguardam mais algumas diligências a serem concluídas, intimação de algumas testemunhas, conclusão de algumas provas periciais que estão no Instituto Médico Legal. Assim que a investigação for concluída, será encaminhada para o Ministério Público e o Poder Judiciário para que o processo penal seja realizado.
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