Tatiana Santos
Com a pandemia da Covid-19, que durou cerca de três anos, a atenção à saúde mental tem ganhado destaque devido aos impactos negativos decorrentes das mudanças causadas e suas consequências até hoje. No último dia 10 de outubro foi celebrado o Dia Internacional da Saúde Mental. Cabe entender que saúde mental não é ausência de estresse, cansaço e fadiga, como afirma a psicóloga Izabel Alves.
Todas as pessoas passam por estes sentimentos em alguma situação ou algum momento, até quem tem uma boa saúde mental. A questão, é como lidar com essas adversidades. “Entender que quando eu estou cansada, preciso parar para descansar, respirar e começar novamente. Eu tenho que entender que eu não preciso dar conta de tudo. Eu não preciso carregar o mundo nas costas, preciso entender que aquilo que é do outro é do outro, e quem vai resolver é o outro”, pontua.
A psicóloga lembra que as pessoas têm que passar a se ocupar de suas próprias demandas e que cuidar da própria vida, bem-estar, família, trabalho e projetos já é algo trabalhoso, então, não faz sentido dar conta da vida dos outros, para não gerar uma sobrecarga desnecessária. “Eu posso dar um conselho, ser um ombro amigo, um bom ouvinte. Mas não querer pegar para mim o problema que é dos outros, e achar que eu tenho que dar conta de resolver”. Esse hábito pode levar a um sentimento de incapacidade, pois se não der conta de resolver o problema alheio, se acha incompetente.
Se ouvir mais e ter auto conhecimento
Outro ponto importante é que para ter saúde mental, a pessoa precisa se ouvir mais, o próprio corpo, se permitir fazer o que é necessário para si. “É sentar para descansar quando estou cansada. Tirar um tempo para dormir quando estou com sono atrasado, cansada ou com mal-estar. Tirar um final de semana só para dormir, só para ficar em casa, para não fazer absolutamente nada”.
O auto conhecimento também é essencial e a pessoa tem que entender o mínimo sobre si, saber quem é, suas fragilidades emocionais, entender por que em determinadas situações fica estressada, com raiva. “Entender as mágoas que eu carrego para que eu vá me libertando, trazendo leveza para a minha vida”, diz.
Ferramentas importantes para a saúde mental
O Centro de Convivência InterAgir é um espaço voltado ao acolhimento de pessoas que precisam de um apoio psicossocial. São ministradas oficinas de artesanato, culinária, música, de teatro, plantio e cultivo de plantas, elaboração de jornal, artes plásticas, aulas de biodança. Tânia Couto, terapeuta ocupacional do local, salienta a importância desses serviços para atenderem as pessoas e as afastarem do stresse do dia a dia. Sobre o espaço Tânia diz que é um lugar onde as pessoas vão para conviver, conversar, para aprender novas habilidades, construir através da arte e da cultura um novo jeito de pensar e conduzir sua vida. Além disso, o centro de convivência promove geração de renda, onde as habilidades construídas dão oportunidade para as pessoas poderem sustentar sua casa.
Ela dá destaque às datas celebradas em outubro e à lei federal Paulo Delgado (Lei 10.216/2001), que versa sobre uma reforma psiquiátrica. “Então, comemorar o Dia Internacional da Saúde Mental e o Dia Nacional da Saúde Mental é realmente dizer de uma prática, de uma política pública onde todas as pessoas que apresentam algum sofrimento psíquico possam ser tratadas, cuidadas em liberdade com direito a uma escuta especializada, com direito a um tratamento digno”, declara.
Luta contra os manicômios
Como argumenta, essa lei vem encerrando os espaços manicomiais, que são locais de exclusão, punição e de castigo. Para ela, é fundamental trazer o tema para a comunidade de Itabira, já que no município há uma rede de atenção psicossocial importante: são três CAPS (AD-Álcool e Droga; Infanto-Juvenil; e o Adulto). Há ainda os leitos de retaguarda psiquiátrica no Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD e o espaço InterAgir. “Tudo isso é para a gente dizer à nossa população sobre a importância do cuidado com liberdade. Sabemos também que todas as portas de entradas acontecem nos Programas de Saúde da Família (PSF’s), onde qualquer pessoa que se sinta em algum desconforto psíquico, com alguma dificuldade, pode procurar esses serviços”, recomenda.
A terapeuta ocupacional convida: “Então fica aí um convite a vocês conhecerem e procurarem quem estiver se sentido sozinho, desanimado, sem vontade ou com medo de se relacionar ou achando que às vezes a vida está muito difícil. Mas também, que tenha vontade de aprender, conviver, ou quer tomar um outro rumo na vida”. Telefone: (31) 3839-2506.