Tatiana Santos
As forças de segurança atuam de maneira inteligente e com estratégia para refrear a criminalidade e promover a segurança que a sociedade almeja. Mas, a parceria da comunidade é essencial para a redução dos números da violência. Há
26º Batalhão da Polícia Militar implantou em Itabira há mais de uma década a Rede de Vizinhos Protegidos. A iniciativa visa aumentar a segurança de determinada área residencial por meio da união dos moradores e da corporação. Neste projeto, os moradores denunciam atividades suspeitas na região. A explicação é do tenente e coordenador do programa, Fabrício Drummond, e do sargento Gilson Alves, que também integra a iniciativa.
De acordo com Drummond, quando se fala na rede de proteção, trata-se de um conceito maior, que são as redes de proteção comunitária (Vizinhos, Comerciantes Protegidos, Farmácias Protegidas). A Polícia Militar já vem trabalhando há bastante tempo nesses projetos, há, pelo menos, 10 anos, com regulamentação desde 2016. A proposta da Rede de Vizinhos nasceu de um mandamento constitucional, que define que a segurança pública é dever do Estado, mas direito e responsabilidade de todos. “Então, a segurança pública, enquanto responsabilidade de todos, passa por uma necessidade de mobilização das comunidades. Ela não é feita só pelos órgãos públicos, pela Polícia Militar, Polícia Civil, ou pelos demais órgãos”, informa, apontando que as redes funcionam bem e têm dado um bom aporte à comunidade.
Algumas redes bem atuantes em Itabira, segundo os militares, são as do bairro Amazonas e do Jardim Belvedere, onde os moradores são muito participativos, discutem os problemas de segurança pública e fazem as demandas chegarem para a Polícia Militar, já que a comunidade também funciona como um canal de comunicação.
O coordenador ressalta que, naturalmente, essa comunicação não substitui o acionamento de emergência, “mas quando estamos discutindo problemas da comunidade, as redes são uma ferramenta muito importante”. Eventualmente, a violência vivenciada por uma comunidade pode ser motivado por uma iluminação pública escassa, o que afeta na segurança daquela população local. Até mesmo um comércio, um bar que está funcionando até tarde, incomodando os moradores.
Formação de uma rede
Focado na coletividade, uma rede de monitoramento de vizinhos é implantada a partir da manifestação de uma comunidade, uma liderança comunitária, religiosa, ou de algum cidadão que demonstra o interesse. Militares vão até o bairro, viabilizam uma primeira reunião com as pessoas mobilizadas e o projeto é apresentado aos participantes. sargento Gilson detalha: “Depois que a gente tem essa mobilização da própria comunidade local, deixamos o formulário que vai ser preenchido e eles vão fazer o convite daquela região, quarteirão, daquele bairro, que a gente tem intenção de colocar essa rede de proteção no local”, esclarece. A partir daí, as pessoas recebem informações sobre o funcionamento da rede de proteção. O prazo máximo para colocar o programa em prática em uma localidade leva de um mês a 45 dias, dependendo da demanda da própria comunidade.
Segundo o sargento, a proximidade entre os moradores é um ponto ajuda no monitoramento mútuo, já que quando uma pessoa estranha ou carro suspeito é visto nas proximidades, a vizinhança faz a proteção daquele local e aciona as autoridades policiais. Até mesmo em um grupo de WhatsApp criado para esta finalidade, são repassadas informações, onde as pessoas podem monitorar pelas câmeras de segurança, caso estejam em seu trabalho, por exemplo. “Você pode entrar no WhatsApp e ver uma situação anormal. Você entra pelas câmeras às vezes da residência, vê aquela situação suspeita e consegue trocar a informação para o seu vizinho que está fazendo aquela proteção na região”. É a partir do feedback da população que a polícia vai traçando estratégias de atuação, seja com repressão a algum crime ou uma estratégia preventiva de direcionamento, como a questão da iluminação pública junto ao município.
A Polícia Militar atua em parceria com os demais órgãos públicos, como o governo municipal, demais órgãos do estado, com a Vigilância Sanitária, setor de Posturas, Departamento de Estradas de Rodagens (DER), Polícia Civil, Corpo de Bombeiros etc.
Os miliares endossam que as redes (Vizinhos, Comerciantes e Farmácia) não são mantidas pela Polícia Militar. Ou seja, a própria comunidade participa na gestão, inclusive no custeio da sua própria rede, com a implantação de sistema de câmeras de monitoramento, por exemplo. A corporação fornece toda a assessoria técnica para que essa comunidade monte a estrutura da sua rede de proteção. À corporação cabe fazer a entrega do policiamento.
Tenente Fabrício, afirma que, como a rede é um organismo vivo, se os moradores diminuem o engajamento, o grau de envolvimento cai e a rede pode ficar inativa. O objetivo da polícia é identificar e manter sempre as redes ativas, funcionando, e, “eventualmente, identificar alguma que precisa de uma intervenção, fazer uma assessoria para a gente resgatar essas pessoas, essa comunidade que está lá e dar o engajamento para tê-la funcionando, ativa, porque é bom para todo mundo”, finaliza o militar.