Uma mulher de 46 anos morreu após complicações devido a uma cirurgia de hérnia acompanhada de uma plástica em uma clínica que funciona no mesmo prédio de um hospital da região Centro-Sul de Belo Horizonte. À polícia, familiares alegam que houve erro médico e demora no socorro a Claudineia Francisca Lima. Ela deixa um casal de filhos, dois netos e o marido.
Claudineia estava internada desde a última quinta-feira (13). Ela foi transferida para um hospital, mas morreu na noite desse sábado (15). Conforme os parentes informaram à Polícia Militar, a mulher foi realizar a remoção de hérnia epigástrica – inchaço na parte superior do abdômen, entre o osso esterno e o umbigo. Logo em seguida, realizaria uma abdominoplastia para reconstruir a região do corpo.
Ainda segundo a família, após o procedimento, foram informados de que a cirurgia havia ocorrido com sucesso. Porém, na mesma data e ainda na clínica, Claudineia começou a apresentar um inchaço na região do rosto, olhos e principalmente pescoço, complicações essas detectadas pelos familiares, que a acompanhavam e, que solicitaram avaliação médica.
Uma plantonista realizou uma avaliação e diagnosticou como anafilaxia – reação alérgica aguda -, e iniciou a administração de medicamentos. Com não houve melhora do quadro, foi aplicado adrenalina, mas novamente sem sucesso.
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Os parentes começaram a questionar a médica sobre a necessidade de uma transferência para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Conforme o Boletim de Ocorrências, a plantonista afirmou que não sabia como fazer essa transferência e chorou logo em seguida. Após se recuperar, ligou para outros médicos pedindo orientações.
No documento também consta que o responsável pela cirurgia teria chegado ao local e afirmou à família que Claudineia estava bem, com sinais vitais estáveis e respirando. Com a insistência dos parentes, ele aceitou a transferência para uma unidade hospitalar.
Já na sexta-feira (14), uma ambulância levou a mulher para um hospital na região da Pampulha, onde foi admitida em sala de urgência. Durante avaliação, a nova equipe médica solicitou exames e descobriu que o diagnóstico anterior, de anafilaxia, estava incorreto e que na verdade se tratava de uma lesão na traqueia.
Ela foi novamente transferida de hospital e no sábado (15) passou por uma cirurgia de risco para tratar a lesão. Porém, não resistiu e acabou morrendo durante o processo.
Por meio de nota, a Polícia Civil informou que apura as causas e circunstâncias da morte da mulher. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal para exames.
O que diz o médico de Claudineia?
O médico-cirurgião plástico de Claudineia se pronunciou por meio de nota. Informou que o procedimento foi realizado em um hospital-dia – serviço intermediário entre a internação e o atendimento ambulatorial para realização de procedimentos. Destacou que o local possui autorização para a realização segura de diversos procedimentos.
Conforme o profissional, as intervenções foram feitas sob anestesia geral, que exige intubação. “Essa escolha foi necessária visto que a anestesia peridural não foi completamente eficaz, conforme identificado pela anestesista. Ou seja, não houve perfuração da traqueia da paciente pelo cirurgião plástico. A intubação foi realizada pela anestesista como um procedimento padrão para a cirurgia”, informa a nota.
Ainda segundo o médico, a equipe não identificou nenhuma intercorrência durante o procedimento. Duas horas após a internação no quarto, a equipe observou inchaço na face da paciente, compatível com um quadro de anafilaxia (reação alérgica), e todas as medidas necessárias foram tomadas. “Diante da evolução do quadro, mesmo com suporte médico devido, o cirurgião estando presencialmente com a paciente recomendou a internação emergencial em um hospital com maior estrutura”.
O cirurgião atribui o agravamento do caso à demora no tratamento efetivo, ocasionado por sucessivas transferências entre hospitais após a cirurgia plástica. “Durante todo o período após a cirurgia, ele manteve contato próximo com a família, prestando apoio de forma ética e empática”.
Fonte: Hoje em Dia