Tatiana Santos
O Brasil tem 93,4 milhões de leitores, considerando a população com cinco anos ou mais. O apontamento é da 6ª edição da “Retratos da Leitura no Brasil”, de novembro de 2024. Apesar de ser um número considerável, a mesma pesquisa mostrou que a quantidade de leitores no país tem caído nos últimos anos. De 2019 a 2023, o país perdeu 6,7 milhões de leitores. Disposta a fazer a sua parte para mudar esse cenário, a itabirana Júlia Alves, de 17 anos, é uma ávida leitora.
Nesta terça-feira (07/01), quando é comemorado o Dia do Leitor, a jovem confessa que começou a tomar gosto pelas letras a partir da revistinha da Turma da Mônica, em torno dos 7 anos. Hoje, sua autora de cabeceira é Clarice Lispector. Mas, antes das obras de Maurício de Souza, a adolescente teve influência dos pais, que sempre compraram muitos livros para ela, e também dos professores, que deixavam sempre livros para os alunos pegarem.
“Então, eu acabava lendo durante as aulas às vezes, o que eu não recomendo. Eu lia quando eu chegava em casa, e como eu lia revistinha da Turma da Mônica, que é uma coisa mais fácil de ler para criança, eu chegava em casa e detonava o livro em um dia”, recorda. Se na infância ela gostava dos quadrinhos e até passou pelo suspense, ação, hoje em dia, Júlia se vê envolta no estilo fantasia e até mesmo livros que falam de política.
Leitura com fundo musical
Muitas pessoas dizem gostar de ler em locais tranquilos e silenciosos, porém, a itabirana aprecia viajar em suas páginas com música ao fundo, e inclusive, confessa que o estilo musical varia conforme o estilo da obra. “Eu sou uma pessoa que está acostumada com barulho. Eu acho que o sossego em si, ele não se adapta muito com os livros que eu estou lendo. Porque como eu geralmente leio fantasia, até algumas cenas de ação, etc., eu gosto de ter uma música no fundo, que aí eu fico mais imersa dentro do livro mesmo”.
Sobre sua mudança de estilo de livros, Júlia relembra que isso aconteceu a partir de uma nova visão e experiências vivenciadas durante seu amadurecimento, por volta dos 12 anos. Ela, inclusive, lê algumas obras em inglês, como o livro ‘Kephose’, que fala sobre teatro e drama, e segundo a itabirana, tem tradução próxima de ‘vilões’. “Esse eu peguei mais ou menos com uns 15, 16 anos, há uns 2 anos atrás. Então, as coisas que eu busquei foram muito de acordo com as minhas vivências”, descreve.
Influência positiva
O universo literário é tão forte na vida da jovem que ela se sentiu influenciada pelos personagens de obras que leu, como integrantes de bandas. Ela ouvia muito pop desde pequena, mas pela influência do pai, e claro, dos livros passou a apreciar rock’n roll. Tanto, que hoje Júlia é vocalista da banda Murphyna, composta por ela, mais uma amiga e dois amigos.
A itabirana diz que lê cerca de um a dois livros por mês, porém, gostaria de aumentar o número, mas tem que dividir o tempo entre as responsabilidades diárias de trabalho, escola. Ela já leu três por mês durante a pandemia. A dica que Júlia daria para quem deseja se aventurar no universo da leitura é degustar as páginas com leveza, sem pressão: “Acho que o principal pra se gostar de leitura é não se pressionar. Uma coisa que a gente vê muito nos dias atuais. Nada na vida é sobre pressão. É legal, né? A gente vê muito isso de, ‘ah, eu li três livros esse mês, eu li três livros essa semana’. Isso não é uma coisa que é viável para todo mundo”, finaliza.