Tatiana Santos
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que entre 2023 e 2025 serão diagnosticados quase 72 mil novos casos de câncer de próstata no Brasil, sendo o segundo tipo de tumor mais prevalente no país. E neste mês em que se conscientiza a respeito da doença que acomete os homens, o Novembro Azul se torna um momento ainda mais importante para abordar sobre a saúde masculina.
Apesar de muito se falar em próstata, muitas pessoas ainda não têm total conhecimento sobre essa glândula. De acordo com o urologista Fernando Bicalho Fonseca, que atende em Itabira, a próstata é um órgão que fica logo abaixo da bexiga, envolvendo a uretra. Sua principal função é produzir o líquido para manter o espermatozoide viável para poder fecundar o óvulo. Devido à sua posição anatômica, o crescimento pode comprimir a uretra, gerando desconforto, dificuldade para o paciente urinar e até o câncer. Além disso, pode gerar, em fases avançadas, obstrução do canal, sangramento na urina e até levar o paciente a óbito.
Apesar disso, Dr Fernando ressalta que a prevenção é sempre o melhor tratamento, ou seja, um paciente que fez um rastreamento e teve diagnóstico para o câncer numa fase inicial, a chance de cura gira em torno de 90 a 92%. No caso daquele que chega ao consultório com valores de proteína da próstata muito altos, e que o diagnóstico já não é precoce, a chance de cura vai caindo, e dependendo do estágio, em alguns casos, não há cura, apenas tratamento paliativo. “Então, por isso a importância do rastreamento. Fazer no período certo, começar na idade certa e tratar no momento adequado. Se você fizer o rastreamento, descobrindo numa fase inicial, você tem em torno de 90 a 95% de chance de ficar curado”, orienta.
Primeira consulta nem sempre exige o toque retal
A recomendação do profissional é de que a primeira consulta para rastreamento seja feita aos 40. A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) recomenda ainda, que se o homem é negro, é obeso ou tem histórico familiar, deve fazer o primeiro exame de toque retal aos 45 anos com PSA (teste de sangue que detecta o câncer e outras condições da próstata).
“Se não tiver nenhum desses fatores de risco, faça aos 50 anos. Porém, é interessante fazer o seguinte: aos 40 anos você faz o primeiro PSA, sem fazer o toque. Faz o PSA, que com o valor de PSA de base aos 40, eu vou conseguir estratificar o risco desse paciente de desenvolver o câncer de próstata. É muito raro, mas não é tão incomum assim ter que tratar alguém com menos de 45 anos de câncer de próstata. Então, o primeiro PSA aos 40 é o exame de sangue”, sugere.
Dr Fenando chama atenção para o fator da raça negra, pois, além de o tumor ter maior incidência nesse grupo, geralmente os tumores da raça negra são mais agressivos. “Então, o paciente de cor preta, ele tem que tomar muito mais cuidado do que o branco asiático, por exemplo”. Como o estilo de vida é essencial para se evitar doenças, os pilares de uma vida saudável são atividade física, alimentação saudável, dormir bem e não fumar.
Tratamentos serão conforme cada caso
Quando se fala em câncer já diagnosticado, os tratamentos são de acordo com cada caso. Dentre os protocolos estão tratamento hormonal, quimioterapia, radioterapia e a cirurgia. Para exemplificar a atuação, o profissional descreve um caso ilustrativo: “Vamos imaginar, chegou um paciente para mim de 53 anos de idade. Ele tem um tumor de próstata e a gente vai avaliar tanto o tumor quanto a expectativa de vida. Nessa idade, expectativa de vida alta, mais de 10 anos. Então, esse paciente tem uma indicação de terapia curativa. Como a expectativa de vida dele é muito alta, a melhor opção, sem dúvida alguma, o procedimento cirúrgico, que pode ser a cirurgia convencional ou a cirurgia robótica”.
Ou seja, sendo paciente mais novo, com expectativa de vida longa, a cirurgia é a melhor opção. “Vamos dar um outro exemplo: Um paciente de 80 anos de idade, que, já tem outras comorbidades, já tem stent, já toma uns quatro tipos de medicamentos, é diabético. Esse paciente não tem uma expectativa de vida tão longa. E outra questão é o seguinte: a chance dele ter alguma complicação na cirurgia também pode ser um pouquinho maior. Um infarto, um AVC, uma trombose. Esse paciente, talvez, não vai ter a indicação da cirurgia, porque ele tem muito mais chance de morrer de uma outra patologia, de uma outra doença, que não o câncer de próstata. Para esse paciente a radioterapia e a hormonioterapia é uma opção mais adequada. Então, tudo é expectativa de vida”, aprofunda.
Da mesma forma, se o paciente tem 80 anos, por exemplo, mas não tem problema nenhum de saúde, caso a equipe médica avalie uma expectativa de vida maior, a cirurgia será uma indicação. Segundo o médico, para apesar de o câncer ser a doença mais divulgada em relação ao órgão, nessa localidade o homem pode ser acometido por quadros infecciosos, como prostatite aguda, prostatite crônica e o pseudocisto da próstata. Além disso, no caso do câncer em estágio avançado, existe a possibilidade de haver metástases, ou seja, atingir os ossos, mas também em outros como fígado, vesículas seminais e bexiga. Por estes motivos, é essencial que se faça uma consulta com o urologista o quanto antes e proceda com os rastreamentos.
Fique atento a esses sinais:
- Dificuldade para urinar
- Demora para começar e terminar de urinar
- Sangue na urina
- Diminuição do jato de urina
- Necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite
- Dor na região pélvica, nas costas ou nos quadris
- Disfunção erétil
- Dor durante a ejaculação