Tatiana Santos
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que o Brasil deve contabilizar cerca de 74 mil casos de câncer de mama até o final de 2024, e até 2025 poderão ser diagnosticados quase 74 mil novos casos da doença no Brasil, podendo causar 18 mil mortes. O câncer de mama é o mais frequente em incidência e mortalidade no sexo feminino no país. Especialmente nesse mês de conscientização, o Outubro Rosa, o foco é levar conhecimento para as mulheres. A ginecologista Juliana Pereira, que atende em Itabira, acrescenta que uma a cada três mulheres com algum tipo de câncer é o de mama, e uma a cada oito terá o diagnóstico para a doença.
Ela esclarece que, apesar da impressão de que há uma alta taxa de mortalidade pela doença, o câncer de mama é um tipo muito agressivo, há vários subtipos dentre eles, mas quanto mais precoce o diagnóstico, maior as chances de cura, que chegam a mais ou menos 95%.
Quando se fala da doença, é fundamental mencionar os sinais que o corpo dá que algo não está certo e exige atenção. A profissional adianta: “São vários sintomas. Muitas vezes, quando diagnosticados muito precocemente, são detectados em exames. Mas em sintomas, tanto a mulher quanto o médico podem evidenciar a pele mais grossa, o mamilo um pouco distorcido, os famosos nódulos [bolinhas duras ao apalpar], não necessariamente dolorosos, acompanhados de dor ou de vermelhidão”, destaca. Outros sinais podem envolver ainda, secreções e feridas. Segundo Dra Juliana, são várias as manifestações, sendo que o mais importante é a mulher conhecer a mama, fazer exames frequentes para entender o que é normal e o que não é.
Exames de rotina
Alguns exames de rotina como ultrassonografia mamária e exame físico também são capazes de detectar a doença. O exame físico é realizado pelo médico, sendo preconizado que seja feito uma vez ao ano, tempo ideal em que toda mulher deve ir ao ginecologista ou a um mastologista para avaliar a mama. “Esse exame físico consegue detectar algumas alterações que eventualmente já estão há mais tempo ou são mais visíveis como essas que eu mencionei anteriormente. Por isso, não é um método que sozinho vai fazer o diagnóstico em 100% dos casos”, informa. Além disso, o profissional de saúde precisa lançar mão de métodos complementares, como no caso do ultrassom, que não descarta a mamografia. Dependendo do caso, das suspeitas, também é recomendada a ressonância magnética e a realização de biópsias.
Havendo a confirmação do câncer, há o encaminhamento para uma equipe oncológica, juntamente do mastologista, para dar sequência ao tratamento, que será definido pelo profissional individualmente. A conduta aplicada será de acordo com o quadro em que a paciente se encontra, portanto, pode haver uma intervenção cirúrgica, radiquimioterapia etc. Neste processo, é essencial a atuação de profissionais da enfermagem, da assistência social, psicologia, fisioterapia.
Fatores de risco
Quando se fala em tratamentos para o câncer de mama, é ainda mais importante falar sobre os fatores de risco. De acordo com Dra Juliana, há alguns fatores conhecidos como a genética, a hereditariedade, o histórico familiar. A ginecologista exemplifica: “Ah, minha mãe teve câncer de mama, minha avó e todas as minhas tias. A gente sabe que aquela paciente ali, tem que ficar de olho, que pode ser que ela tenha mais chances. Principalmente quando o diagnóstico foi feito antes dos 50 anos”, alerta. Numa hipótese de uma mulher que teve uma irmã acometida pelo câncer de mama aos 35, há necessidade de uma atenção especial, pois essa mulher terá que fazer um rastreamento mais precoce, uma investigação mais a fundo, eventualmente alguns testes genéticos.
Outros pontos significativos que se tornam perigosos são a obesidade e os maus hábitos de vida, como o tabagismo. Além disso, também a menarca precoce, que é quando a menina teve a primeira menstruação abaixo dos 8, 9 ou 10 anos. Mas a profissional ressalta que esse não é um fator determinante por si só: “Tem maior incidência, sim, abaixo dos 12, mas não significa que antes de 12 anos não é normal a menina menstruar, entendeu? Então, são índices”.
Prevenção
A prevenção é baseada no autoexame, no princípio sobre conhecer o próprio corpo para detectar sinais entre os rastreamentos que estejam diferentes. Além disso, preservar os hábitos de vida saudáveis, com alimentação equilibrada, rotina de exercícios físicos, evitar o tabagismo e excesso de bebidas alcoólicas, e para a mamães, a amamentação também é uma prática indicada na prevenção do câncer de mama.
O principal exame para diagnosticar precocemente a doença, aumentando as chances de cura e de um tratamento menos agressivo é a mamografia. No Sistema Único de Saúde (SUS), a recomendação entre 50 e 69 anos é de que seja feita a cada dois anos. Já a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, a Sociedade Brasileira de Radiologia e Sociedade de Mastologia preconizam que seja a partir dos 40 anos.