Tatiana Santos
Pelo menos 4% da população adulta brasileira consome bebidas alcoólicas de maneira abusiva. Essa taxa representa 6 milhões de pessoas. Entre os homens, 6,6% fazem uso de álcool, enquanto as mulheres somam 1,7%. Apesar de bem aceito entre as pessoas, é fato que o uso do álcool em excesso causa o alcoolismo e é um agente gerador de várias doenças.
Para ajudar aqueles que desejam parar de beber que foi criado em 1935 o Alcoólicos Anônimos (AA), na cidade de Ohio (EUA). É uma irmandade de pessoas que compartilham experiências, força e esperança, ajudando outros a se recuperarem do alcoolismo.
Em Itabira, dois integrantes falaram sobre como a entidade os ajudou a sair da dependência do álcool: Mendes, de 72 anos, e José, 62. Os nomes verdadeiros foram trocados para preservar a identidade de cada um. De acordo com José, o AA chegou a Itabira em agosto de 1977, contabilizando sete grupos na região, sendo um no bairro Gabiroba, um no Centro, no bairro Hamilton e no Jardim das Oliveiras. Na região, em Ipoema, Itambé do Mato Dentro e São Gonçalo do Rio Abaixo. Em Minas Gerais, são 750 grupos da irmandade, sendo 150 na capital e 4500 no Brasil. As reuniões acontecem mensalmente.
“Só não perdi a vida”
São realizadas reuniões em formato de troca de experiências sobre como o álcool impactou negativamente suas vidas. José conta que bebia abusivamente, e mesmo sua mãe pedindo para que entrasse no AA para ser ajudado, ele foi resistente. Ele precisou ser internado para se desintoxicar e foi levado a uma casa de recuperação, onde ficou por 9 meses. “Lá, foi passado para mim que eu era uma pessoa doente. A gente acha que o alcoolismo não é doença. Mas é uma doença emocional, espiritual. Aí eu vim para o AA, já há 20 anos”, relata. Ele alegou que a bebida lhe tirou seu maior bem: a família. “Eu perdi minha esposa, eu não vi meus filhos crescerem. Perdi tudo. Só não perdi a vida”. José conseguiu se parar de beber, mas com a consciência de que deve evitar o primeiro ‘gole’, pois a partir dele, pode voltar ao vício.
“O pão que o diabo amassou”
Mendes conta que tomou sua primeira dose de cachaça aos 7 anos, ao perceber que quando o pai, que era calado e tímido, bebia, ficava mais alegre. “Eu falava que queria ser igual a ele na alegria. E não sabia que eu estava dando um passo rumo à destruição quando fiz uso da primeira dose. Alcoolismo é uma doença progressiva, incurável e difícil a tais”, afirmou. Mendes também era tímido e via na bebida uma maneira de ficar mais extrovertido. Casado, ele afirma que teve o privilégio de não ter sido abandonado pela esposa, a qual lembra que “ela comeu o pão que o diabo amassou”. Mas conheceu o AA por meio de um médico psiquiatra, que o indicou à entidade. Tomou a decisão e abraçou a oportunidade.
Hoje, ambas as fontes desta reportagem estão fora do alcoolismo e vão até escolas, empresas, instituições realizando palestras para falar sobre os malefícios da bebida. O telefone do Distrito 29, ao qual Mendes e José fazem parte, é o: (31) 3224-7744