Tatiana Santos
Dados de 2022 da Organização Mundial da Alergia mostraram que a rinite atinge entre 30% e 40% da população global. Já a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) apontou que cerca de 30% dos brasileiros possuem alguma alergia respiratória, sobretudo, a rinite.
Para falar sobre a doença inflamatória, a otorrinolaringologista Patrícia Rosa Nunes, que atende em Itabira, esclarecerá diversas dúvidas de grande parte das pessoas. De acordo com a especialista, a rinite se caracteriza por alguns sintomas, como a obstrução nasal (nariz entupido), aumento de secreção no nariz que gera coriza, espirros e coceira no nariz, causando grande incômodo. Para se caracterizar como uma rinite, esses sintomas devem estar presentes, em, pelo menos, dois dias da semana consecutivos, e por um período mínimo de uma hora.
A médica acrescenta que para determinar a doença, “a gente tem que olhar a prevalência, a característica desses sintomas, conversar direitinho com o paciente para ver se realmente é uma rinite ou não”. Entre as causas da inflamação estão: poeira, ácaro, pólem, fungo, insetos, baratas, cobertores, perfumes, ou vírus.
Inverno desencadeia crises
Se há um período do ano em que os pacientes são mais acometidos pela doença, essa fase é o inverno. Com a alteração da temperatura, são comuns os espirros e as coceiras no nariz. Com essa alteração no tempo, quando a pessoa entra em contato com o ambiente mais frio, gera uma hiper-reatividade que resulta em sintomas da rinite.
Tratamento
Quando a rinite é infecciosa, causada por vírus, a otorrinolaringologista afirma que existe a cura. “Com 7 a 10 dias a gente vai ter uma melhora desses sintomas”, diz. Já se o caso é de rinite alérgica, existe um tratamento mais próximo que se tem da cura, mas que não é a cura propriamente dita. O método do qual Patrícia se refere é a imunoterapia.
Esse tratamento ajuda a melhorar os sintomas, aumenta o limiar de tolerância, ameniza o curso natural da doença. Mas a profissional ressalta que é um tratamento longo, que pode durar de dois a cinco anos. Além disso, “o paciente tem que estar em um critério muito selecionado para ver se ele faz parte ou não desses pacientes que podem realizar o tratamento”. E ainda assim, quando começa a tratar com esse método, a pessoa não vai deixar de usar os medicamentos orais ou tópicos para rinite. Após finalizar a intervenção, o paciente pode ficar entre 5 e 10 anos sem os sintomas, mas não há garantias de que a doença não possa retornar.
Prevenção
Para a médica, o melhor tratamento é a prevenção. É essencial tirar do ambiente os fatores que vão irritar o paciente. Alguns exemplos de ações são: trocar a roupa de cama toda semana, evitar carpete, uso de bicho de pelúcia por crianças que têm os sintomas. Ao invés de varrer a casa, passar aspirador de pó ou pano úmido, colocar colchões e almofadas no sol. “Então, é manter uma casa mais livre desses ácaros. Tentar fazer isso, porque ácaro tem por toda parte, mas tentar minimizar ao máximo”. Devido aos pelos, se recomenda que os animais domésticos fiquem mais na área de serviço, evitando que subam em camas e sofás.
Covid-19 e rinite
A covid-19, que acometeu milhões de pessoas ao longo de dois anos, tem relação com a rinite, segundo informa a especialista. “A gente tem a rinite infecciosa, que é causada por vírus e bactérias. E os vírus que causam a rinite, a gente tem a influenza, o covid propriamente. A gente tem vários outros vírus que causam os sintomas da rinite, que são esses sintomas que eu falei. Então, o que o vírus faz? Quando ele entra em contato com a pele do nosso nariz, que é a mucosa nasal, ele irrita, inflama essa mucosa e gera um edema. Com isso, um inchaço dentro do nariz, que é a obstrução nasal”, detalha Patrícia. Com o aumento de secreção, há congestão, que também pode gerar espirros e coceira no nariz.
Muitas pessoas que tiveram covid notaram diminuição ou perda total do olfato até nos dias atuais como sequela, mesmo após a melhora da covid. Além do vírus causar irritação na mucosa do nariz, causa também irritação do tecido olfatório, como se fosse um machucado na região dos nervos do olfato. A otorrino afirma que, com o passar da fase aguda da doença (entre 7 a 10 dias), há uma melhora da fisiologia e da mucosa do nariz, com a recuperação.