Casal de mulheres denuncia homofobia na fila de supermercado em BH: ‘Gosta de pagar de homem’

Polícia Civil orienta que vítimas procurem uma delegacia Foto: Arquivo Pessoal

Ofensas foram registradas em vídeo e motivaram boletim de ocorrência; vítimas estavam acompanhadas do filho delas, de 7 anos

Um casal de mulheres denuncia ter sido alvo de agressões verbais com teor homofóbico, na manhã desse domingo (8 de junho), na fila do caixa de um supermercado no bairro Nova Suíssa, região Oeste de Belo Horizonte. As vítimas, a professora Gabriela Lopes Fernandes, de 38 anos, e a motorista de aplicativo Gabriela Thaís Santos, de 29, registraram boletim de ocorrência. Elas estavam acompanhadas do filho, de 7 anos. Nenhum dos envolvidos foi levado à delegacia até o momento.

Segundo relato de Gabriela Lopes, o ataque ocorreu por volta das 11h do domingo. “Eu estava pagando, minha esposa guardando as compras, e percebi que um homem, acompanhado de uma mulher, ficou incomodado com a nossa presença. Ele teria comentado que o menino era filho de duas mulheres. A caixa até disse: ‘Nossa, isso (preconceito) ainda existe?’, e eu disse: ‘Pois é’. Foi quando ele começou a me ofender”, contou.

Entre os xingamentos ouvidos pelas vítimas estavam expressões como “sapatão”, “filha da p***” e “isso que você é, gosta de pagar de homem”. A confusão foi presenciada por outros clientes e gravada em vídeo pela companheira dela. “Fiquei em choque, achei que ia desmaiar. Tive uma crise de ansiedade forte. Nunca tinha passado por isso na vida”, relatou.. 

O casal está junto há cerca de dez anos e adotou, no início de 2025, o menino. “Faz cinco meses que ele está com a gente. Sempre fomos bem acolhidas, nunca passamos por uma situação como essa”, desabafa. 

Após a discussão, a Polícia Militar foi acionada e registrou a ocorrência. O caso foi encaminhado para a 3ª Delegacia da Polícia Civil da área Sul e classificado como injúria. O suspeito tem 35 anos e, segundo as vítimas, tentou minimizar o caso ao perceber que havia sido filmado.

Gabriela Lopes afirmou que buscará Justiça: “Vamos atrás dos nossos direitos. Isso não pode ser normalizado. Está estampado o preconceito. Não dá pra deixar passar”.

De acordo com a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), até o momento, nenhum dos envolvidos foi conduzido à delegacia. “A PCMG orienta que as vítimas compareçam à delegacia para que as medidas legais cabíveis sejam adotadas”, informou por meio de nota. 

O supermercado foi procurado pela reportagem. O texto será atualizado em caso de retorno.

Crime de homofobia 

No Brasil, atos de homofobia e transfobia são equiparados ao crime de racismo, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de junho de 2019. Com isso, ofensas, discriminação ou violência motivadas pela orientação sexual ou identidade de gênero de uma pessoa passaram a ser enquadradas na Lei nº 7.716/1989, que trata dos crimes resultantes de preconceito de raça ou cor.

A pena prevista varia de 1 a 5 anos de reclusão, além de multa. Em casos de injúria qualificada por homofobia — quando há ofensa direta à dignidade da pessoa —, a punição pode ser de 1 a 3 anos de reclusão, também com possibilidade de multa, conforme o artigo 140 do Código Penal, com a qualificadora incluída pela Lei nº 14.532/2023.

FONTE: OTEMPO

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